Sebastião Salgado celebra retorno de fotos de etnia indígena à sede da Funai

O fotógrafo Sebastião Salgado, curador dos 15 quadros que retornaram à sede da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), disse que as fotos estão “de volta à casa delas”. A declaração foi dada durante o evento realizado pela Funai que marca o retorno das fotografias aos prédios da Fundação.

Segundo o fotógrafo, as fotografias avaliadas R$ 1 milhão estavam sob os cuidados do Ministério Público Federal. Elas foram retiradas da Funai, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2020.

Na época, o então presidente da fundação, Marcelo Xavier, decidiu devolver 15 fotografias do artista em resposta às críticas de Salgado à política indigenista da gestão Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19. Agora, segndo o artista, as fotos estão no local certo.

“Essas fotos voltaram para a cada delas. Fizemos a doação à Funai e houve uma rejeição dessa fotografia pelo governo Bolsonaro. Tivemos que intervir e dizer que essas fotografias são do Brasil. Tivemos muita sorte que a subprocuradora-geral da República Eliana Torelly adotou essas fotografias e elas ficaram até hoje guardadas”, disse.

O artista acrescentou que as fotos foram tiradas em 2017, na comunidade onde vivem os Korubo, no Vale do Javari, no Estado do Amazonas. Foram necessários 30 dias para a realização do trabalho. Parte das fotos foi tirada em um estúdio no meio da selva.

A presidenta Joenia Wapichana agradeceu o cuidado do MPF com as obras e destacou a importância do retorno dos itens ao acervo da instituição, tendo em vista o enorme valor histórico das imagens. Segundo ela, esta é uma entre tantas decisões tomadas nos últimos quatro anos e que estão sendo revistas pela atual gestão.

“A Funai está de volta e está de portas abertas para os indígenas, retomando suas atividades, seus deveres institucionais, retomando a valorização de obras como essas, bem como a valorização dos povos indígenas. As obras que estamos vendo aqui hoje são de muito valor para todos nós. Temos muito a resgatar e a reverter na Funai e estamos fazendo isso aos poucos. Trazer de volta essa riqueza para o acervo da Funai é mais um passo nessa direção”, pontuou Joenia.

Beto Marubo, que acompanhou a expedição in loco, explicou que o objetivo era apresentar a questão indígena ao
mundo pelo olhar ímpar de Salgado. Ele também frisou a importância da Funai para a proteção das etnias.

“É um privilégio estar aqui. Acompanhei esse trabalho no Vale no Vale do Javari durante 30 dias. Ficamos muito tristes quando a própria Funai renegou este trabalho. Trabalhei por mais de dez anos na Funai e quero destacar a importância desse órgão para nós indígenas e, para os índios isolados e de recente contato como os Korubos, é literalmente vital”, completou.

Fotos: Antonio Ximenes

Post Author: Izaias Godinho

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