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Série – “ O gaúcho de ontem e o gaúcho de hoje”

 “Eu sou gaúcho…e desse jeito, eu sou feliz. Não me leve a mal o Rio Grande é o meu país”

Basta nascer no Rio Grande do Sul para saber o que é ser gaúcho, reviver nossos antepassados, termos orgulho de cantar nosso hino e carregarmos nossa bandeira com todo o orgulho que possa existir. Começaremos uma série de artigos e entrevistas pra mostrarmos nossos costumes gaúchos e principalmente a nossa tradição, porque sem dúvidas nenhuma ela vem de berço.

A tradição gaúcha é o culto à memória dos feitos de seu povo. Nós gaúchos temos orgulho do nosso tradicionalismo!

Marco Antônio Souza Saldanha Júnior é o nosso Coordenador da 4ª Região Tradicionalista, ele vai nos contar a diferença do Gaúcho Farroupilha, do Gaúcho Tradicionalista e do Gaúcho de Hoje, espero que apreciem toda a explanação que ele fez e sirva de entendimento a todos.

Gaúcho Farroupilha

O território da Província do Rio Grande do Sul e a fronteira sul do Brasil, vai ser demarcada com a Independência do Brasil (1822) e com a Guerra da Cisplatina (1828) dando a Independência a República Oriental do Uruguai, deixando de fazer parte do Império do Brasil.

Teremos a miscigenação do gaúcho primitivo com os imigrantes que vêm para ocuparem as terras desabitadas da província, os açorianos (portugueses da Ilha de Açores), já haviam chegado em 1752, a eles vão somar-se aos alemães que chegaram em 1824 e ocuparam as áreas dos vales e adentraram ao território, principalmente pelo Rio Jacuí e seus afluentes.

Os italianos chegaram em 1875 e vieram a ocupar o território da serra gaúcha abrindo picadas, estradas e criando cidades, além destes também encontramos no Rio Grande do Sul poloneses, japoneses, árabes, argentinos, uruguaios, entre outros, e todos vão contribuir com a formação dos hábitos, usos e costumes do povo gaúcho.

Este gaúcho vai participar de três grandes combates neste solo que vão ampliar os horizontes, as ideias e traçar o estereótipo de gaúcho que vai ser difundido fora do Rio Grande do Sul.

O decênio Farroupilha (1835 – 1845),

Pode ser divido em dois momentos, a guerra civil até a proclamação da República Rio-Grandense em 11 de setembro de 1836, livre e independente do governo tirano e arbitrário do Império do Brasil, sendo esta a primeiro ideia de República em solo brasileiro e a república que vai até 28 de fevereiro de 1845, com a assinatura da Paz de Ponche Verde, neste período a republica teve três capitais: Piratini, Caçapava e Alegrete, generais da república, e até a Assembleia Constituinte em 1842, em Alegrete.

A ideia de República e a alforria dos escravos, ecoaram pelo Brasil, assim em 1888 é assinada a Lei Áurea e em 1889 é Proclamada a República Federativa do Brasil. A Revolução Federalista (1893) e a Revolução Assisista (1923), a causa destas revoluções estava ligada a ressentimentos políticos do grupo Federalista, tirado do poder, com a República do Brasil, em 1889.

Os Federalistas, ou maragatos, eram os revolucionários e do lado governo, os republicanos, ou pica-paus, ou chimangos (1923). Houve combates violentos imperando a degola que manchou o solo gaúcho de sangue. Em 1928, maragatos e chimangos apoiaram Getúlio Vargas a presidência do estado e mais tarde no Golpe de 1930, levando o gaúcho de São Borja, Getúlio Vargas a Presidência do Brasil. 

 Gaúcho tradicionalista

Com um sentimento saudosista das coisas do Rio Grande antigo, no período pós segunda guerra mundial, o jovem João Carlos Paixão Cortes funda em 1947 o Departamento de Tradições Gaúchas do Colégio Júlio de Castilhos, dando início ás atividades do tradicionalismo, em 05 de setembro saem às ruas de Porto Alegre 08 jovens pilchados e a cavalo para o translato dos restos mortais do General Farroupilha David Canabarro e no dia 07 de setembro a 20 setembro, realizam a 1ª Ronda Gaúcha evento que deu origem a atual Semana Farroupilha.

Em abril de 1948 é fundado o primeiro CTG, o 35 Centro de Tradições Gaúchas, em Porto Alegre, hoje são mais de 1700 entidades tradicionalistas espalhadas pelo Brasil e pelo mundo.

Em 1954 é realizado o 1º Congresso Tradicionalista, reunião geral de todas as entidades filiadas e em 1966, é institucionalizado o Movimento Tradicionalista Gaúcho como a federação que congrega as entidades tradicionalistas.

Em 1986 é criado o maior festival amador da América Latina, hoje denominado de Encontro de Arte e Tradição Gaúcha – ENART. A tradição gaúcha cresceu, espalhou-se e cruzou as fronteiras do Rio Grande do Sul, 1984 foi fundada a Confederação Internacional da Tradição Gaúcha e em 1987 foi fundada a Confederação Brasileira da Tradição Gaúcha.

Tem até entidade tradicionalista em Dongguan, China (Ásia), o PTG China Veia.

 Gaúcho de hoje

 No século 21, o gaúcho deixou de ser apenas os sul-rio-grandenses, mas sim todas aquelas pessoas que se identificam com a cultura do Rio Grande do Sul, já dizia Paixão Cortes “Gaúcho é um estado de espírito, não é um nascer é querer ser!”, desta forma existem gaúchos espalhados em todo o Brasil e no mundo.

 E mais do que nunca ele continua fazendo valer os princípios, os valores e a moral que forjou ao longo de sua história. O gaúcho “moderno” está inserido em todas as esferas da sociedade, participando ativamente das decisões e dos rumos da comunidade.

Fomentando a difusão da cultura, através de inúmeros setores tais como o turístico e econômico, buscando subsídios junto aos poderes públicos, para auxiliar os trabalhadores da cultura, traçando assim objetivos e metas, para alçar novos patamares.

Enfim, em cima das belezas naturais, da história e da cultura do Rio Grande do Sul o gaúcho formou cidades, implementou e modernizou a agricultura a e pecuária, fatores que destacam este território no cenário mundial. Este ser pitoresco denominado “Gaúcho” é a mescla de povos, da bravura e de amor a este pago, que carinhosamente chama de querência.

Forjou sua personalidade a patas de cavalo, a pontas de lança e com o suor do trabalho. Lutou pela demarcação das fronteiras sul brasileiras e quis ser brasileiro.

E na magnitude deste contexto o gaúcho de ontem e o gaúcho de hoje, respeita a palavra empenhada e faz valer o “fio de bigode”, e não importa a condição financeira, quantas “patacas” têm no bolso e nem quantos anéis tens no dedo.

Ama este solo e busca demonstrar onde quer que esteja, entoa o hino rio-grandense na data magna do estado o 20 de setembro e da mesma forma entoa o hino rio-grandense nos estádios de futebol.

E com o seu chimarrão evidencia a hospitalidade e a cordialidade deste povo e respeitando as diferenças, mostra que somos todos gaúchos. “Que a liberdade seja nossa voz, igualdade nossa união e humanidade a nossa maior forma de expressão”.

Texto Márcia Ximenes Nunes

Edição: Dulce Maria Rodriguez

Fotos: Reprodução

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