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São muitas as mulheres do agro e da pecuária que tocam suas estâncias, aqui no Sul as gaúchas se reinventam a cada ano que passa

 

No Rio Grande do Sul, na época da Revolução Farroupilha que começou em 1835, foram 10 anos de lutas. Os gaúchos patrões e peões de estâncias tiveram que pegar seus cavalos e irem lutar pelos seus direitos, como impostos altos, preços do charque e principalmente brigar por nossas fronteiras com Uruguai e a Argentina.

 

Com isso as mulheres que ficaram nas estâncias tiveram que se reinventarem, aprender a usar armas, fazer a lida do campo, carnear e salgar o charque, eram esposas, filhas, com filhos pequenos, mulheres de peões e algum peão que ficou pra ajudar na lida campeira.

Aprenderam durante esses 10 longos anos a tocarem suas estâncias, plantar, vender e comprar gado, cuidar dos cavalos, usarem armas, arrecadar dinheiro pra guerra e para sustentar suas famílias. Foram corajosas, pois não tinham outra opção e isso formou gaúchas guerreiras até os dias de hoje.

Contribuíram para a manutenção do patrimônio da família desde os tempos mais remotos. Também faziam suas tarefas domésticas, como cozinhar, fazer vela e sabão, tricotar roupas para o frio, costurar, fazer linguiça e charque, além de educarem seus filhos em casa, ensinando a ler e escrever, a tabuada e a religião.

Aqui no Estado Gaúcho, desde 1835 foram se formando mulheres fortes, aguerridas, corajosas e determinadas, que vão atrás de seus propósitos e desejos.

Hoje essas mulheres tocam estâncias, propriedades rurais, plantações de arroz, trigo, soja, aveia entre outros. Elas vendem o seu gado ovino e bovino, negociam pelegos, vão aos remates negociar seus animais, vendem lã, produzem charque e linguiça, negociam preços em matadouros e frigoríficos.

Elas também trabalham com cordas, levantam cedo e pegam o seu cavalo crioulo para camperear sua propriedade, procurar algum gado desgarrado, tiram leite das vacas, trabalham com o laço, curam os animais, arrumam cercas, trabalham direto nas lavouras faça chuva ou faça sol, dirigem máquinas e tratores, e tudo isso sem perder a sua graça e feminilidade.

São mães, esposas e filhas e passam adiante toda essa tradição que resume os gaúchos, o povo mais tradicionalista do mundo inteiro.

Escritora

Márcia Ximenes Nunes Chaiben

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