A Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Rio Grande do Sul – FETAG já estimou que mais de 50 % da soja possa estar comprometida, sem falar nas outras culturas, nos pecuaristas que estão com os campos, barragens e pasto secos e os agricultores familiares estão sendo atingidos diretamente.
Conversamos com a agricultora Elaine Londero que mora no município de Alegrete –RS que nos conta um pouco do seu dia a dia e sua situação com a estiagem e esse calor extremo na região da Fronteira Oeste.
…”Nossa propriedade rural fica no 2º Subdistrito de Alegrete, acesso ERS 566, há 70 km da cidade. Aqui trabalhamos com a agricultura familiar, sendo eu, meu esposo Vilberto e nossa filha Milene que trabalha na cidade e vem todos os finais de semanas para ajudar no trabalho aqui na propriedade.
Por aqui temos rebanho de ovinos, hortifrúti, plantamos milho, mandioca, batata, abóbora, melancia entre outros. Tivemos perdas consideráveis no milho porque foi plantado bem cedo, sendo que as caturritas atacaram a plantação e deixaram só o sabugo do milho.
Já estamos fazendo a colheita manual e está bem razoável. No pomar de laranjas e bergamotas para não perder a produção usamos a água do poço artesiano, de onde é puxada todos os dias.
Mas não e suficiente para molhar os abacaxis, pitayas e as bananeiras, acontece de que o sol está muito quente e a temperatura elevada demais, vai queimando as folhas e o vento também ajuda a desfolhar.
A produção de ovos é afetada, pois sem pasto verde temos que ir buscar ração nas agropecuárias para suprir o alimento. Na parte dos ovinos, vai retardar a produção de cordeiros, porque os animais preferem ficar na sombra sem ter que ir em busca de água ou pasto, o que acontece é que vai atrasar o cio das ovelhas.
A agricultura familiar e o produtor rural, aqueles que tiram o seu sustento da terra, estão sofrendo anualmente por causa das consequências climáticas. Uma hora é o excesso de chuva, granizo, tempestades, frio e outra a estiagem prolongada que estamos passando aqui pelo Sul do Brasil.
Já estamos na época de preparar as terras para plantar as hortaliças mas não se tem condições de fazermos isso antes de uma boa chuva para molhar bem a terra, pois o sol é quente demais e nada poderá ser feito.
Só não podemos perder a esperança, pois o mundo todo precisa de alimentos e a cada mês que passa temos menos produtores da agricultura familiar, sendo que é ele que leva a comida na mesa dos brasileiros.”…