Temporais no RS deixam 32 mortos, afetam rios de todo estado e podem provocar cheia recorde no Guaíba

O Rio Grande do Sul registrou, até o início desta sexta-feira (3), 32 mortes e 74 desaparecidos em razão dos temporais que atingem o estado desde a segunda (29). Diferente de 2023, quando a chuva foi isolada em algumas regiões – como o Vale do Taquari –, desta vez, o impacto ocorre sobre todo território gaúcho.

A Defesa Civil colocou a maior parte das bacias hidrográficas do estado com risco de elevação das águas acima da cota de inundação (veja a lista abaixo).

“Não é só pra quem está à margem do Rio Jacuí, à margem do Rio Taquari, enfim. Outros rios, arroios e canais também sofrem essa essa interferência e é importante tomar cuidado nessas diversas localidades”, diz o governador Eduardo Leite (PSDB), que já afirmou que o temporal é “o maior desastre do estado” e que o Rio Grande do Sul vive uma “situação de guerra”.

 

Recorde de 1941

No Guaíba, em Porto Alegre, o nível da água já passou dos 3,6 metros e pode superar 5 metros ainda nesta semana.

 

“As nossas projeções ainda indicam que ele vai ultrapassar a cheia de 1941, atingindo 5 metros no período do final da tarde de sexta-feira (3) também”, diz Pedro Luiz Camargo, hidrólogo da Sala de Situação do RS.

Em 1941, uma enchente inundou Porto Alegre, provocando a construção de um sistema anticheias.

 
 
Forças de segurança, como bombeiros, Exército e agentes públicos do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE), fecharam as comportas entre as Avenidas Mauá e Castello Branco, em Porto Alegre (SP), nesta quinta-feira, 2 de maio de 2024, por conta da cheia do Guaíba. — Foto: EVANDRO LEAL/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO

Forças de segurança, como bombeiros, Exército e agentes públicos do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE), fecharam as comportas entre as Avenidas Mauá e Castello Branco, em Porto Alegre (SP), nesta quinta-feira, 2 de maio de 2024, por conta da cheia do Guaíba. — Foto: EVANDRO LEAL/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO

 

A região central de Porto Alegre é protegida por um sistema de diques, comportas e muros. No entanto, a região das ilhas, a Zona Sul da Capital e as cidades do outro lado da costa, como Barra do Ribeiro, Eldorado do Sul e Guaíba devem ser afetadas pela cheia.

Localização do sistema de contenção do Guaíba em Porto Alegre — Foto: RBS TV/Reprodução

Localização do sistema de contenção do Guaíba em Porto Alegre — Foto: RBS TV/Reprodução

 

Temporais no RS

A tragédia desta semana já deixou 32 pessoas mortas. O levantamento oficial da Defesa Civil informa 31 óbitos. A RBS TV apurou que há mais uma, em São Vendelino, com informações de prefeituras, bombeiros, polícia militar e outros órgãos locais.

Cidades com mortes confirmadas pela Defesa Civil: 31

  • Canela (2)
  • Candelária (1)
  • Caxias do Sul (1)
  • Bento Gonçalves (1)
  • Boa Vista do Sul (2)
  • Paverama (2)
  • Pantano Grande (1)
  • Putinga (1)
  • Gramado (4)
  • Itaara (1)
  • Encantado (1)
  • Salvador do Sul (2)
  • Serafina Corrêa (2)
  • Segredo (1)
  • Santa Maria (2)
  • Santa Cruz do Sul (2)
  • São João do Polêsine (1)
  • Silveira Martins (1)
  • Vera Cruz (1)
  • Taquara (2)

Desaparecidos contabilizados pela Defesa Civil: 60

 

  • Candelária (8)
  • Encantado (6)
  • Itaara (3)
  • Lajeado (5)
  • Passa Sete (1)
  • Pouso Novo (1)
  • Roca Sales (10)
  • Santa Cruz do Sul (1)
  • São Vendelino (2)
  • Sinimbu (1)
  • Marques de Souza (13)
  • Montenegro (1)
  • Teutônia (3)
  • Três Coroas (3)
  • Travesseiro (2)
 

Barragens

O governo do estado emitiu alertas com relação a barragens em diversas regiões do RS. A barragem Blang, no Rio Caí, perto de São Francisco de Paula, é monitorada devido ao risco de rompimento. Outra estrutura em estado crítico é a barragem São Miguel, entre Bento Gonçalves e Pinto Bandeira.

A barragem da Usina Hidrelétrica (UHE) 14 de Julho, localizada entre Cotiporã e Bento Gonçalves, se rompeu parcialmente na tarde desta quinta. A água não provocou um aumento significativo nos volumes dos rios das Antas e Taquari.

Diferente das barragens de rejeitos de minério, como as que provocaram as tragédias de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, as estruturas sob risco no estado são de usinas hidrelétricas. As barreiras represam a água de rios para a geração de energia.

Fonte: G1

Post Author: Beatriz Costa

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