Amazonas desponta no melhoramento genético do rebanho de Matupi

Resultados positivos estão sendo comemorados a partir da região de Santo Antônio do Matupi, no município de Manicoré. O melhoramento genético dos rebanhos realizados em parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e Governo do Estado, por meio da Sepror (Secretaria Estadual de Produção Rural) são destacados nesta fase.

Neste processo, as vinculadas da Sepror, Idam (Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Amazonas), Adaf (Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas) e ADS (Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas), são partes fundamentais na execução de ações.

Um teste genômico (Identificação do DNA do animal), coordenado pelo Sebrae e executado pela empresa Zoetis, chamado “Clarifide Girolando”, mostrou que a média de produtividade é superior ao resultado encontrado em todos os outros estados, de acordo com informação do especialista em Agronegócio do Sebrae Amazonas, Erivan Oliveira.

“Nossa parceria com o Sistema Sepror, através dos escritórios locais do Idam e da Adaf, sempre nos ajudam nos municípios. O Sebrae não trabalha sozinho. Estes parceiros, com suas estratégias de atuação, também estão junto aos produtores rurais”, enfatiza Erivan.

Ele cita também a participação da Embrapa, que contribui com os resultados de pesquisas e projetos de campo em suas áreas de gado de corte em Campo Grande, Mato Grosso do Sul; e gado de leite em Coronel Pacheco, Minas Gerais.

Ele detalhou que a análise das características de produção e componentes de leite, reprodução e condições genéticas via DNA dos animais testados, em Santo Antônio do Matupi, resultou na média de probabilidade de produção anual de 639 litros superior aos demais da mesma raça usados como parâmetro.

“A região do Santo Antônio do Matupi é abençoada, diferenciada por todas as suas características. Tem um povo desbravador, aguerrido, que não arreda pé. Este programa se encaixou muito bem na localidade e a gente está com estes resultados excelentes. O teste foi feito basicamente no rebanho daquela região e agora, só tende a se expandir. Hoje, além da genética girolano, subsidiamos com as raças Sanepol e Nelore, raças de cruzamento industrial para gado de corte e recentemente, conseguimos negociar com uma fazenda para fornecer genética da raça Guzerá, animal bastante rústico, adaptado muito bem na região e que mostrou aptidão tanto para carne, com grande carcaça, como para produção de leite. É um animal de grande porte”, concluiu Erivan Oliveira.

Para o secretário da Sepror, Petrucio Magalhães Júnior, a seleção genômica é uma realidade praticada em todo Brasil, há alguns anos e o Amazonas não poderia ficar de fora desta tecnologia de ponta.

“Os resultados obtidos demonstram claramente que estamos no caminho certo: melhoramento genético aliado ao manejo e ainda, uma lavoura de pastagem de maneira a garantir que os animais ampliem seu potencial produtivo, melhorando a renda do produtor e a redução da necessidade de novas áreas ou supressão vegetal. Isso é pecuária sustentável”, destacou Petrucio.

Gado de Matupi

O programa de melhoria genética começou a ser executado, em Santo Antônio do Matupi, com participação efetiva da Matupi Laticínios, que se tornou parceira decisiva do Sebrae, a partir do momento em que foi aceita a proposta de apoio da empresa aos pequenos produtores, para que também pudessem participar da parceria de embriões.

Como o Sebrae subsidia até 70% dos custos, os 30% restantes ficariam por conta dos produtores, mas a Matupi negociou pagar em duas parcelas, os custos dos demais produtores ao Sebrae e ser reembolsada em quatro parcelas pelos beneficiados. Dessa forma, foi desencadeado o processo de desenvolvimento genético na região.

“Nós entramos juntos para o programa de pesquisa genética do Sebrae e hoje, nossa moeda de negócio, na região, passou a ser o leite que cada um produz, enquanto que a Matupi Laticínios também viabiliza, de forma negociada, todas as condições de armazenamento e transporte e outros tipos de assistência para que nada falte a cada um dos nossos produtores”, relatou o empresário Renato Gomes Pereira, proprietário da empresa Laticínios Matupi.

Em sua própria fazenda, criada depois da instalação da indústria, a Matupi Laticínios já produz 15% do leite que industrializa. O restante é garantido diariamente pelas 150 famílias de criadores. A empresa produz hoje mais de 35 derivados do leite, da manteiga comum e em garrafa, doce de leite e requeijão, além de dezenas de tipos de queijo. São mais de 35 produtos com as marcas Matupi e Segredo Real.

Ao todo, 150 produtores fazem parte do projeto apoiado pela Matupi Laticínios. O recolhimento da produção leiteira acontece a cada dois dias, em todas as propriedades onde o produto fica acondicionado, em resfriadores de aço inox, com capacidade variável de 300, 500 a 1000 litros, dependendo do potencial produtivo de cada um. Esta estratégia operacional reduziu custos com transporte, que  antes era diário e passou a ser feito por meio dos caminhões frigoríficos, operando apenas 15 dias por mês e garantindo que o produto continue chegando gelado na empresa. “Não recebemos produto que não esteja devidamente acondicionado e gelado conforme nossas normas”, avisa Renato.

Além dos fornecedores do município de Manicoré, a Matupi Laticínios também recebe 60 toneladas mensais de derivado do leite, que é utilizado para a produção da manteiga e requeijão procedentes de Rondônia, São Paulo, Minas Gerais e Paraná.

Os novos investimentos da empresa são ambiciosos, revela o empresário, citando a próxima inauguração de um frigorífico, construído no sul do Amazonas; um secador e silo para armazenamento de milho em Santo Antônio do Matupi e também, a construção de uma fábrica de fatiados em Manaus. “Tudo isso realizado, teremos na sequência a execução de projetos de produção de leite condensado e longa vida; leite fermentado e achocolatado e ainda, uma unidade amazonense de industrialização do açaí”, concluiu.

 

*Com informações da assessoria Fotos: Divulgação 

Post Author: Bruna Oliveira

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