Abacaxi do Novo Remanso garante o sustento de produtores rurais do Amazonas

O abacaxi recebeu, no início deste mês, o selo de Indicação Geográfica (IG), na categoria Indicação de Procedência (IP), do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). O fruto representa a principal fonte de renda para famílias de agricultores rurais na região do Novo Remanso, distrito do município de Itacoatiara (distante 176 quilômetros de Manaus), há mais de 50 anos.

O reconhecimento, publicado na “Revista da Propriedade Industrial” do Inpi, chegou como um incentivo para os produtores do Novo Remanso, que agora têm a expectativa de expandir a comercialização e exportar para novos mercados.

Os agricultores do Novo Remanso recebem apoio do Governo do Amazonas, por meio do Idam (Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas), vinculado à Sepror (Secretaria de Estado de Produção Rural).

Dos 94,3 milhões de abacaxis produzidos no Amazonas, em 2019, 68,9 milhões (73%) foram provenientes do distrito de Novo Remanso, considerado o maior produtor de abacaxi do estado. Os dados são do Relatório de Atividades Trimestrais do Idam, que indica, ainda, que a região possui atualmente uma área plantada estimada em três mil hectares e cerca de 1,3 mil produtores rurais trabalhando com a atividade.

“Inegavelmente, o abacaxi do Amazonas, sobretudo do Novo Remanso, tem uma baixa acidez e é um produto diferenciado, muito doce, reconhecido pelo consumidor do Amazonas. E a partir da Identificação Geográfica daquela região, garantindo a procedência desse produto diferenciado, certamente esses produtores serão mais reconhecidos e valorizados”, frisou o titular da Sepror, Petrúcio de Magalhães Júnior.

Agricultura familiar

O proprietário do sítio Santo André, o agricultor André Pessoa garante o sustento dele e da esposa por meio do cultivo do abacaxi há mais de 15 anos.

“Eu sou a terceira geração de produtor da minha família, meu avô foi produtor, meu pai foi produtor. Sempre gostei de trabalhar com a terra, tenho no sangue isso. Hoje, eu e minha esposa dependemos apenas da produção do abacaxi, é a nossa única renda. A renda do Novo Remanso, no geral, e das comunidades adjacentes, Engenho, Vila da Pedras, é concentrada na produção do abacaxi. Eu trabalho para tirar um fruto com qualidade, inclusive eu gosto de comer o abacaxi na lavoura, porque prezo por essa qualidade. A gente se preocupa com o ser humano, esse abacaxi vai servir as mesas de seres humanos e vai, também, para a merenda escolar das nossas crianças. Ou seja, nossos filhos vão consumir, a gente precisa ter essa consciência”, considerou André Pessoa.

 Gerleande Barros, que também é produtor rural e pertence a uma família de nove pessoas, em que todos trabalham com o cultivo do abacaxi, ressalta que o selo de Indicação Geográfica veio para fortalecer a produção local, abrindo novas possibilidades.

“Além da qualidade que nós já temos, o selo vem para agregar valor e com certeza, vai abrir mais mercado para nós. É um certificado que nós precisamos para adentrar novos mercados porque, até então, nós não tínhamos registro e nenhum tipo de selo para nós conseguirmos barganhar novos mercados. Eu tenho certeza que para a economia do Novo Remanso o abacaxi é 90% da renda”, frisou.

O selo concedido em nome da Encarem (Associação dos Produtores de Abacaxi da Região de Novo Remanso) é válido também para produtores rurais das regiões de Vila do Engenho, em Itacoatiara, e Caramuri, região pertencente ao município de Manaus. O reconhecimento vem coroar os produtores da região, que trabalham em parceria com os técnicos do Idam.

Texto: Bruna Oliveira *Com informações da assessoria  Fotos: Arthur Castro/Secom

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