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Saiba como eram os aconchegantes galpões de estância no Rio Grande do Sul e são preservados e usados nos dias de hoje

“Sala grande, chão batido

Onde passei minha infância

Querido galpão de estância

Que foste um dia meu lar,

Hoje aqui venho rezar

Saudoso dum teu afago

Catedral chucra do pago

De joelhos, no teu altar!”

Jayme Caetano Braun  (Galpão de Estância)

Você conhece um galpão de estância? Já entrou em um deles? Pois então, nesse galpão encontramos muitas coisas, sempre vai ter um fogo de chão pra aquecer o corpo e a água do chimarrão.

O chimarrão está sempre pronto para ser oferecido a quem chegar, não interessando se é o peão ou o patrão da estância, chimarrão é pra ser dividido na roda, nosso símbolo de hospitalidade gaúcha, sendo no galpão, na estância, na casa ou no apartamento.

Encontramos sempre penduradas as mantas de charque secando, para depois de curtido fazer o delicioso arroz de carreteiro com farofa.

A estância é a propriedade rural, onde tem a casa grande dos patrões e os peões  ficam no galpão. Fazem suas tarefas diárias, ordenham, cavalgam pelos campos fazendo a lida campeira, laçam, domam, trabalham com o rebanho, curam animais, domam, marcam gado…

O galpão também é o lugar onde fazem suas refeições, onde dormem e se encontram de manhã cedo até o anoitecer.

A comida é feita em um fogão a lenha, onde durante todo o dia o fogo é abastecido com gravetos e lenha, para que o fogo não se apague e no frio do inverno aquece a todos.  Colocam uma cambona (recipiente onde aquecemos a água) no fogo para sempre ter água quente para o café ou chimarrão, depois é só cevar o mate, como dissemos aqui no sul.

Antigamente e até hoje existem galpões de chão batido, bem rústico, também tem aqueles com piso. Sempre tem pendurado os arreios, pelegos, laços, botas, arados, arame, rebenque, pequenos utensílios de trabalho em lavouras, cordas, rédeas, freio e cavaletes espalhados pelo local.

Sempre tem um lugar reservado onde se guarda os remédios dos animais. No lado da cozinha, onde fica o fogão, tem lenha e gravetos no chão e pregos na parede para pendurar a cambona, canecos, panelas, concha, colher de pau e outros utensílios usados no dia a dia.

Os peões se acomodam em cima dos pelegos para um descanso rápido e também possui camas improvisadas.

 

Nos dias de chuva forte eles fazem a lida que é possível, aproveitam para ficarem no galpão trabalhando com couro, fazem cordas e trançam rédeas. Pela tarde sai aquele bolinho de chuva que não é difícil de fazer.  No chegar da noite jogam um truco de respeito e contam muitos causos vividos e não vividos, e lendas do local. Tem uns que tocam uma gaita de botão e um violão, cantam músicas gaúchas e declamam poesias tradicionais.

O galpão da estância é o local onde o peão se sente em casa, onde amanhece com seu chimarrão, mateia muitas vezes sozinho com seus pensamentos e sempre com um cusco (cão) do lado de companheiro.

 

“Dizem até que São Pedro

Altas horas desce oculto

Celebrando estranho culto

No teu altar meu galpão,

É o padroeiro do rincão

Que vem pela noite grande

Encomendar o RIO GRANDE

Na missa da tradição!!!  “

Escritora

Márcia Ximenes Nunes Chaiben

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