Lauro Pastor: De Engenheiro à Historiador do Comando Militar da Amazônia

O Tenente-Coronel abriu uma exceção das histórias militares para nos contar sobre sua própria história.

Início da carreira militar

O Tenente-Coronel Lauro Pastor, integrante da reserva do Exército Brasileiro, hoje no auge dos seus 85 anos é Assessor de História Militar do Comando Militar da Amazônia (CMA), mas quem vê-lo tão entusiasmado para contar histórias militares nem imagina que a maior parte da sua vida no Exército atuou como Engenheiro. 

Sua carreira militar iniciou na cidade de Lagoa Vermelha no interior do Rio Grande do Sul, inspirado pelo tio que também foi oficial do Exército com especialização em Engenharia. 

Quando terminou o primário Lauro foi até Porto Alegre para fazer o Ginásio, hoje conhecido como ensino médio, durante esse período preparou-se para a Escola Preparatória de Cadetes de Porto Alegre, onde ingressou em 1951, ficando lá até setembro de 1953. Cinco dias depois da sua formação já estava em Resende para entrar na Academia Militar onde formou-se em Engenheiro dois anos depois. Já formado escolheu o 4º Batalhão de Engenharia de Combate em Itajubá-MG para exercer sua função. 

Sempre em constante evolução continuou buscando conhecimento, partiu para o Rio de Janeiro onde fez o curso de Equipamento Mecânico para purificação de água, quando terminou foi para o 2º Batalhão Ferroviário Rio Negro no Paraná onde participou da construção da Ferrovia Mafra-Lages.  

Fez ainda quatro cursos nos EUA, todos referentes à equipamento mecânico, terraplanagem, obra de engenharia, aeroportos, ferrovias e pontes. Na volta foi para o 1º Agrupamento de Engenharia, o General responsável o designou para passar todo esse conhecimento para o Agrupamento, foi um ano viajando pelo o interior do Nordeste dando aulas. 

Chegada na Amazônia

No final de 1965 soube que estava aberto voluntariado para Amazônia e a Amazônia era tudo o que ele sempre quis, seguiu para o Rio de Janeiro onde estavam reunindo as tropas que sairiam para Porto Velho, foi aí que começou sua grande aventura pela Amazônia. 

Chegando lá recebeu a missão de participar do 1º comboio onde foi o comandante do destacamento precursor. Seguiu pela estrada em torno de 3.600km até chegar em Porto Velho, enfrentando no trajeto todos os tipos de desafios que a estrada pode proporcionar. 

 

Já na Amazônia percorreu por Porto Velho, Cruzeiro do Sul, Guajará-Mirim, Santarém, entre outros. Chegou em Manaus em 1971 de onde não saiu mais. Apresentou-se no Comando Militar da Amazônia e logo já estava acompanhando a conclusão do atual cartel do CMA. 

No ano seguinte participou da Guerrilha de Xambioá e quando retornou preparou-se para a Escola de Comando de Estado Maior, sendo o único do Norte a passar. 

Em 1979 foi designado como Chefe de Estado Maior do 2º Agrupamento de Engenharia, ficando lá durante um ano, em seguida retornou para o CMA. Fez ainda várias obras, como a separação física do 12ª Região do Comando Militar da Amazônia. E 1982 pediu para sair das Forças Armadas. 

Já formado em Engenharia e Administração, esta última pela UFAM, fora do Exército teve outras experiências profissionais, entre elas Secretário de Estado em 1997. O Governador da época lançou o desafio para Lauro de fazer um levantamento de quantas comunidades existem no Amazonas. Ele levou cerca de nove anos percorrendo o interior do Estado, passando por 5.286 comunidades. Um total de 80 mil horas de selva, tornando-se o recordista de mais horas de selva do CMA, ganhando uma medalha e um facão de honra do CIGS pelo feito. 

Retorno ao Exército

Depois de passar esse período fora do Exército ele foi chamado pelo General Avena para trabalhar como seu Assessor, em 2009. No ano seguinte quando mudou o Comandante do Agrupamento, que passou a ser o General Lauro, o mesmo pediu para que passasse para o Agrupamento de Engenharia. 

No começo de 2011 o General pediu para que ele fosse assumir uma força tarefa em Santarém. Começou a trabalhar na BR-163, e em torno de cinco meses depois que iniciou ele sofreu um acidente, o que culminou no seu retorno para Manaus, voltando para o Agrupamento de Engenharia. 

Em 2013, o General Vilas-Boas assumiu o comando do CMA e a primeira coisa que ele fez foi puxar Lauro para o CMA novamente e o nomeou Assessor de História, seu primeiro trabalho foi escrever sobre a história do Comando Militar da Amazônia e a partir de então começou a se enveredar para os caminhos da história militar. 

Continua até hoje passando seu conhecimento para todos, o Coronel Pastor profere ainda palestras nas mais remotas unidades do Amazonas, aberto para militares, familiares e para todos aqueles que desejam adquirir um pouco de conhecimento sobre a história do nosso país. 

Post Author: Victória Rosas

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