Forças Armadas Marinha do Brasil Segundo-Tenente Catarina Dowsley faz história na Marinha

Sob o olhar atento da tripulação, a Segundo-Tenente Catarina Dowsley deu seus primeiros passos no convés do maior navio de guerra da América Latina, o NAM “Atlântico”. O momento simbolizava não apenas o início de sua trajetória como oficial, mas também uma conquista histórica: aos 24 anos, Catarina se tornou a primeira mulher a integrar o Quadro Complementar do Corpo da Armada (QC-CA) da Marinha do Brasil. Determinação, disciplina e um sonho de infância a trouxeram até aqui, pavimentando um caminho que, até então, era exclusivo dos homens.

A trajetória de um pioneirismo

O sonho de Catarina de ingressar na Marinha começou ainda na adolescência, quando a carreira militar passou a ser uma meta a ser conquistada. Para alcançar esse objetivo, ela precisou de uma intensa preparação acadêmica. Formada em Engenharia Eletrônica e de Computação, a oficial teve que equilibrar os estudos para o concurso com o Trabalho de Conclusão de Curso e o emprego que mantinha na época. “Tinha pouco tempo para estudar, mas aproveitava cada momento livre para revisar conteúdos e resolver questões de provas anteriores”, relembra.

A dedicação rendeu frutos: após a aprovação, Catarina ingressou no Curso de Formação de Oficiais (CFO), onde se deparou com um ambiente desafiador. Durante a formação, ela teve contato com disciplinas específicas do Corpo da Armada, como navegação, meteorologia e manobras navais. O aprendizado foi intenso, mas essencial para sua adaptação à vida militar. “Foi um período transformador, que exigiu muito esforço e dedicação, mas me preparou para atuar como oficial da Marinha”, afirma.

O papel das mulheres na Marinha do Brasil

A entrada de Catarina Dowsley no QC-CA representa mais um avanço na trajetória feminina dentro da Marinha do Brasil. A presença de mulheres na Força remonta a 1980, com a criação do Corpo Auxiliar Feminino da Reserva da Marinha (CAFRM). Desde então, o espaço feminino foi sendo ampliado gradativamente, até que, em 1997, as mulheres passaram a integrar diferentes Corpos e Quadros da Força.

Atualmente, a Marinha do Brasil conta com 6.922 mulheres no serviço ativo, sendo 3.197 Oficiais e 3.725 Praças. Esses números evidenciam a crescente participação feminina na carreira naval, que tem sido impulsionada por reestruturações internas e mudanças culturais dentro da instituição. Com sua conquista, Catarina se torna parte dessa evolução e abre caminho para que outras mulheres possam seguir seus passos no QC-CA.

A presença feminina na Marinha reflete uma transformação que ocorre nas Forças Armadas de diversos países. O ingresso de mulheres em funções operativas, historicamente ocupadas apenas por homens, representa um passo significativo para a equidade de gênero e para o fortalecimento das capacidades da Força.

Formação e desafios da carreira naval

Após a conclusão do CFO, Catarina teve seu primeiro contato prático com a vida a bordo durante o Estágio de Embarque no NAM “Atlântico”, maior navio de guerra da América Latina. Durante esse período, ela acompanhou de perto a rotina operacional da tripulação, conhecendo as funções que desempenhará futuramente. “O embarque no NAM foi muito produtivo. Pude ver na prática como funcionam as operações a bordo e entender melhor as atividades que irei desempenhar como oficial”, conta.

A formação no Quadro Complementar do Corpo da Armada qualifica a oficial para atuar em diferentes frentes dentro da Marinha. Além da operação e manutenção de meios navais, os militares do QC-CA também desempenham funções administrativas e operativas em organizações militares de terra. Essa diversidade de atribuições exige uma formação técnica sólida e uma adaptação constante às demandas da carreira.

Atualmente, Catarina aguarda a designação para o navio onde servirá após concluir o Curso de Aperfeiçoamento em sua área. Os desafios da carreira naval são muitos, mas a oficial está pronta para enfrentá-los. Para ela, ser militar vai além de uma profissão: é uma missão de vida. “Ser militar é abdicar de algumas coisas em prol de algo maior, que é a Nação. Para mim, isso representa a realização de um propósito nobre”, conclui.

Fonte: Defesa em Foco

Post Author: Ryan Jatahy

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *