Corpo de Alunos da Escola de Aperfeiçoamento de Sargentos das Armas: pioneirismo, inovação e resultados

Sediada na cidade de Cruz Alta (RS), a Escola de Aperfeiçoamento de Sargentos das Armas (EASA), “A Casa do Adjunto”, é um estabelecimento de ensino militar bélico, subordinado à Diretoria de Educação Técnica Militar, que tem como missão o aperfeiçoamento dos sargentos combatentes e a habilitação dos Adjuntos de Comando (Adj Cmdo) do Exército Brasileiro.

Criada em 1° de fevereiro de 1993, a EASA já aperfeiçoou aproximadamente 22.000 sargentos do Exército Brasileiro e 180 militares de nações amigas. Habilitou, ainda, 890 militares ao cargo de Adj Cmdo, incluindo estrangeiros e policiais estaduais. Anualmente, a Escola recebe uma média de 780 segundos-sargentos (2º Sgt) para a realização do Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos (CAS), em três turnos, que é realizado em 30 semanas na primeira fase EaD e em 11 semanas na fase presencial. Recebe, também, 200 subtenentes e 1º sargentos para o Curso de Adj Cmdo.

Nos seus primórdios, a EASA possuía uma estrutura organizacional similar à grande parte dos estabelecimentos de ensino do EB, com um major ou capitão como Comandante do Corpo de Alunos (C Alu), de capitães instrutores-chefes, de oficiais e sargentos instrutores, além do encarregado de material e sargenteante. As atividades administrativas e de ensino alcançavam todos os militares do C Alu, não permitindo uma dedicação exclusiva a um processo ou outro.

Em meados dos anos 90, o Exército Brasileiro começou a enviar sargentos para frequentar o Sergeant Major Course (Curso de Sargento Maior) no Exército dos Estados Unidos da América. Naquele país os militares brasileiros depararam-se com uma Academia comandada por um Non Commissioned Officer (graduado). Ao retornarem ao Brasil, classificados na EASA, contribuíram com a ideia de modificar a atual estrutura da Escola, quebrando um paradigma e colocando um graduado à frente do Corpo de Alunos, uma vez que a EASA já era uma Escola de referência para os sargentos do Exército Brasileiro.

Com uma visão inovadora e voltada para a valorização da dimensão humana da Força, o então Comandante da EASA no ano de 1998 designou, em dezembro daquele ano, um 1° Sgt para assumir a função, na época ainda denominada Coordenador Geral do Corpo de Alunos. Posteriormente, o Quadro de Cargos Previstos foi modificado pelo Estado-Maior do Exército, denominando a função de Comandante do Corpo de Alunos.

O Corpo de Alunos da EASA é uma estrutura ímpar na Força Terrestre, inovadora na valorização da dimensão humana e focada nos graduados. Uma subunidade composta apenas por praças é comandada por um subtenente e possui sargentos aperfeiçoados, na função de coordenador de turma, desempenhando uma função análoga a de um comandante de pelotão nas 7 turmas de instrução. Possui, ainda, um sargenteante, um encarregado de material e um efetivo de cabos e soldados. O Cmt C Alu faz parte do estado-maior da Escola e está subordinado diretamente ao Cmt EASA, assessorando-o nos assuntos relativos ao Corpo Discente.

O Corpo de Alunos é responsável pela área administrativa relativa aos sargentos alunos (Sgt Alu); por acompanhar o desempenho escolar; por conduzir o treinamento físico militar, as formaturas, o seminário de liderança e as atividades culturais e sociais; e por realizar a apuração de questões disciplinares à luz do RDE, dentre outras, sempre buscando despertar nos discentes os valores militares caros à Instituição. O coordenador de turma é um militar que se destaca pela ação de comando, pela liderança e pelo exemplo, acompanhando, diariamente, a rotina escolar de seus subordinados, orientando e exigindo a postura militar esperada de um 2º Sgt do Exército Brasileiro. A estrutura e as funções do C Alu estão discriminadas no Regulamento da Escola (EB10-R-05.005), estando a versão mais recente disponível na Separata ao Boletim do Exército nº 27/2021, de 9 de junho de 2021.

Com o passar dos anos, pesquisas realizadas ao final de cada turno do Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos apontam para o aumento na motivação do corpo discente ao se deparar com essa estrutura singular da EASA. Os Sgt Alu projetam-se em seus Coordenadores de Turma e no Comandante do Corpo de Alunos, sentindo-se representados por serem comandados por um graduado que reconhece o profissionalismo e a abnegação manifestados por eles. A estrutura ímpar do C Alu contribui, ainda, para fortalecer o lema desenvolvido no Curso de Formação e Graduação de Sargentos: “orgulho de ser sargento”.

A composição do Corpo de Alunos da EASA, além de ser um fator extremamente motivacional para o corpo discente, também desonera o corpo docente de várias atividades, possibilitando que esses militares concentrem totalmente seus esforços na instrução. Tal divisão de tarefas acarreta um ganho significativo nos objetivos de ensino e no desenvolvimento e acompanhamento dos conteúdos atitudinais esperados dos Sgt Alu do CAS.

Diferentemente da estrutura de outras escolas militares, na EASA, os instrutores, oficiais e sargentos pertencentes à Divisão de Ensino, dedicam-se, exclusivamente, `a instrução, preparação e avaliação do processo de ensino-aprendizagem, ao projeto interdisciplinar, ao planejamento de manobras, ao exercício no terreno e à busca contínua do autoaperfeiçoamento, gerando um ganho significativo na qualidade do ensino proporcionada ao corpo discente.

A EASA, como uma Escola de referência para os graduados, deu um passo ousado e transformador nos anos 90, adaptando-se ao seu público-alvo e à intenção da Força Terrestre. Passados mais de 20 anos dessa inovação, temos uma estrutura organizacional consolidada e com resultados extremamente positivos no ensino, na área administrativa e, principalmente, no fator motivacional do corpo discente.

Tal experiência de sucesso adotada pela EASA pode ser uma oportunidade de estudo para a implementação da futura Escola de Formação e Graduação de Sargentos, que poderia ter uma estrutura semelhante no período básico (primeiro ano de formação), em que os alunos pertenceriam a companhias comandadas por um subtenente e compostas por sargentos. No período de qualificação (segundo ano de formação), passariam para as companhias com o formato tradicional de cada Arma (qualificação militar) seguindo a estrutura tática padrão, com um capitão comandante de companhia/esquadão/bateria, tenentes comandantes de pelotão, sargentos adjuntos e comandante de grupo de comando.

Alinhada à intenção do Comandante do Exército, buscando sempre a valorização da dimensão humana do EB, a força da nossa Força segue sendo a prioridade na missão institucional da EASA.

Fonte: Eblog | S Ten Antonio Vagner Machado Pires

Fotos: Redes Sociais EASA

Post Author: Letícia Gama

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *