Gaúcha nascida na cidade de Bagé, desde menina já tinha admiração por imagens e cultos. Aos 16 anos, começou a ter a manifestação dos espíritos. Construiu o seu legado dentro da religião Afro-Umbandista
A Sacerdotisa Jane Peres é conhecida mundialmente como ‘Mãe Jane da Padilha’ (Jane de Oyá). Ela fundou o seu templo religioso há mais de 25 anos, tempo de terreiro aberto ao público, sendo iniciada nos cultos de Umbanda e Quimbanda há mais de 40 anos, onde acompanhava sua mãe nos cultos religiosos. Sendo assim, ela foi iniciada na religião anos depois no Batuque (religião Matriz Africana-Nação).
A ‘Mãe Jane da Padilha’ é uma gaúcha nascida na cidade de Bagé, onde morou com sua família até seu casamento, depois mudou-se para Alegrete onde criou raízes alegretenses. Ela teve seus primeiros contatos com a religião Afro-Umbandista desde criança, acompanhando sua mãe biológica ao terreiro da cidade de Bagé.
Ela, desde menina, já tinha admiração por imagens e cultos, pois conta que, às vezes, em vez de ir para a escola, trocava as aulas para ficar dentro da igreja, admirando a imagem de Jesus Cristo ou, senão, trocava a igreja pelo campo santo, foi dali que surgiu o amor ao espiritual, pois ela gostava dos santos, não dos santos católicos e sim dos cultos de Umbanda, onde sua mãe frequentava.
Anos depois, quando tinha 16 anos, começou a ter a manifestação dos espíritos, e, assim, foi aflorando a sua mediunidade. Casou-se aos 19 anos e veio morar no nosso Alegrete, com sua mediunidade já em desenvolvimento.
Ela procurou por um terreiro para dar continuidade a sua caminhada religiosa, com assentamento de seus guias e entidades, logo depois ela fundou seu terreiro, chamado de “Ilê Santa Bárbara, seara de Umbanda Cabocla Jurema e Abassé de Maria Padilha do Cruzeiro”; onde é realizado seus trabalhos espirituais, no bairro Boa Vista em Alegrete.
Mãe Jane da Padilha construiu o seu legado dentro da religião Afro-Umbandista, após o assentamento de suas entidades, feitos pelo Babalorixá Hélio de Ogum Onira. Ela aguardou 17 anos para receber seus aprontes e liberação (governo) de Umbanda e Quimbanda, pelo mesmo Babalorixá.
Após sua liberação, ‘Mãe Jane’ seguiu sua caminhada pela Quimbanda, conforme sua guardiã “Maria Padilha do Cruzeiro” à orientou para seguir aprimorando suas feitoras e axés como: Belzebu, Feitura e Axé de Touro (faca de touro), sendo esses axés entregues pelo seu saudoso Pai João do Exu, Rei das 7 Encruzilhadas.
Ela é uma das integrantes da Federação Afroconesul há mais de 20 anos e teve contato com o Batuque (Nação) através do Pai Tony de Oxalá e mãe Vera de Oxum, onde passou a integrar a família religiosa e a Bandeira de Mãe Oxum.
Foi delegada afro, depois consulesa dos cultos afro, e alguns anos depois foi consagrada Imperatriz dos Cultos Afros em toda a América Latina e, no ano de 2019, foi coroada como Rainha das Rainhas da Quimbanda no Brasil e no exterior, pelo bruxo da Alta Magia e presidente da Federação Afroconesul, mestre Tony Machado, pai Tony de Oxalá.
Morar em Alegrete, pra ela, é a resposta de uma conquista, pois toda menina tem o sonho de crescer, virar uma mulher independente e empoderada, casar e ter filhos. Com ela não foi diferente, muito nova com 19 anos chegou aqui na nossa cidade de Alegrete. Foi acolhida pelos alegretenses, onde teve a oportunidade de fazer acontecer sua história de vida.
Teve dois filhos e construiu sua vida social, uma trajetória religiosa respeitada no culto africano, e ficou conhecida, mundialmente, através do Alegrete. Morar aqui é a resposta dos seus sonhos, continua firme com seus objetivos. Aqui se considera ligada às suas origens, pois foi o lugar onde tudo aconteceu, onde se tornou “Jane da Padilha” e ,espiritualmente, a” Sacerdotisa Jane da Padilha”.
Aquela menina que chegou sem nada no Alegrete, apenas com suas bagagens íntimas junto com seu esposo, se tornou empresária, fazendeira e uma líder religiosa. “Alegrete é tudo, minha história plantada nesse solo firme”, comentou. Ela, se considera uma alegretense de coração pois mora aqui há 36 anos.
Esta foi a história de Jane Peres, nossa alegretense de coração, que chegou em Alegrete sem conhecer ninguém e ficou conhecida, mundialmente, pela sua mediunidade afro. Tenho certeza que muitos não conheciam a história da Jane e, agora, vão passar a admirá-la.
Edição: Dulce Maria Rodriguez
Fotos: Arquivo