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Você sabia que já é muito usado o pó de rocha na produção de mudas na agricultura

 

Pó de basalto na produção agrícola, rocha vulcânica capaz de substituir adubos químicos no processo produtivo e cujas vantagens começam a alcançar a agricultura extensiva. Além de uma variedade de micronutrientes, o material possui altas concentrações de cálcio, magnésio e potássio, bem acima do mínimo exigido em normativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

 

O basalto é uma rocha ígnea eruptiva de composição máfica, por isso rica em silicatos de magnésio e ferro e com baixo conteúdo em sílica, que constitui uma das rochas mais abundantes na crosta terrestre.

Na região do Sul do Brasil, especialmente Rio Grande do Sul e Santa Catarina, ocorre uma família de rochas peculiares que é utilizada como material de construção, denominada comercialmente “basalto”, a cidade de Nova Prata no RS é conhecida como a “Capital do Basalto”.

 

 Nossa entrevista é com Gilnei Antônio Galvagni, Engenheiro Agrônomo, Mestre em Engenharia de Água e Solo. Natural de Tapera, RS, na qual atua em todo o estado do Rio Grande do Sul, que vai nos contar como foram as suas pesquisas envolvendo o pó de basalto na agricultura.

 

…”Quando conclui o segundo grau, fiz vestibular para agronomia na UFSM. Não tinha muita convicção de que seria a profissão que me identificaria. Entretanto, fui pegando gosto pela profissão e acabei fazendo mestrado após o término do curso. Aí que descobri minha vocação de pesquisador. 

Em 1998, quando terminei o mestrado, fui convidado por um engenheiro que trabalhava com projetos de meio ambiente e licenciamento ambiental. A ideia era desenvolver um adubo orgânico utilizando a fração orgânica do lixo domiciliar.  Nessa época eu já tinha algum conhecimento da utilização de pó de rocha como mineralizador de solo. A ideia era enriquecer o composto orgânico com pó de rochas, farinha de ossos e fosfato natural. Esse projeto não prosperou, pois não tinha como agregar valor ao produto, além de não ser possível obter um produto seguro e que pudesse ser utilizado na agricultura, pela presença de contaminantes no lixo.”…

 

…”No ano de 2002 eu comecei a trabalhar na Emater-RS no município de Doutor Ricardo, Vale do Taquari. No ano de 2003 eu pensei em retomar o projeto, entretanto, naquele município não teria as condições necessárias, devido ao tipo de atividade agrícola, onde a base é de lavouras anuais. No ano de 2005 fui transferido para trabalhar em Pareci Novo, município que tem sua economia baseada na citricultura e na produção de mudas e flores. Aí eu estava diante de uma grande oportunidade de por em prática o meu projeto iniciado em 1998, pois com flores e mudas é muito mais fácil e rápido ver o resultado.

Quando o trabalho ganhou a mídia, fui taxado de louco e sofri retaliação por parte de colegas da empresa. Foi quase uma inquisição. Hoje, se você der um Google do assunto, aparece um cem números de artigos e notícias relacionados ao uso de pó de rochas na agricultura.”…

 

 

…”Nos testes que fizemos, inicialmente em Pareci Novo e, posteriormente em outros lugares, concluímos que a dose era abissalmente menor daquela que era preconizado na época. Trabalhamos com 2 a 3 gramas por litro de substrato, com excelentes resultados. A partir da visibilidade do trabalho, uma empresa de beneficiamento de rochas ornamentais nos procurou. Desenvolvemos um produto bastante técnico e com um “poder de fogo” enorme. Em 2015 foi criada  a GIGAMIX Tecnologias Futuras, localizada em Paraí, RS, com foco  no desenvolvimento e comercialização de fertilizantes silicatados. De lá para cá, houve bastante evolução em termos de produtos, entretanto as bases foram por mim criadas ao longo de dez anos de pesquisa. Acredito que a grande sacada do trabalho foi a de mostrar que uma tecnologia em que a indicação era de utilização de  várias toneladas de produto por hectare, poderia ser de apenas 500 gramas por hectare.”…

 

…” A partir dos ensaios que nos conduzimos junto com os produtores de Pareci Novo, nasceu um novo conceito de fertilização do solo, em que reduziu-se drasticamente a dose de fertilizante necessário. Isso teve  impactos significativos na operacionalidade da aplicação na lavoura, com menor necessidade de maquinaria agrícola, podendo ser aplicado via pulverização foliar e tratamento de sementes. Isso deverá repercutir na logística também, pois imaginemos se tivesse que aplicar a tecnologia em uma área de 100 mil hectares no centro oeste, por exemplo. Com a tecnologia de nanopartículas que a indústria GIGAMIX tem hoje, são necessárias em torno de 150 toneladas de fertilizante para obtermos o mesmo resultado de 300 mil toneladas no conceito antigo… aí se pode ver a grande mudança que ocorreu.”…

                                                                                                                                                                          

 

Escritora

Márcia Ximenes Nunes

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