Com o início do período chuvoso na cidade de Manaus, os riscos de deslizamentos de terra sempre voltam à tona. Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Manaus foi líder em alertas no ano de 2024 e ocupou o oitavo lugar em registros de ocorrências, em locais de vulnerabilidade.
Um estudo realizado pelo Serviço Geológico do Brasil revela que Manaus, a capital amazonense e a mais importante da região Norte do Brasil, possui 600 áreas consideradas de risco. Grande parte dessas áreas se encontra nas zonas Norte e Leste da cidade.
Áreas de risco são aquelas onde o solo está fragilizado devido à retirada excessiva da vegetação ou à presença de construções improvisadas nas margens de igarapés. Na imagem, é possível visualizar essas zonas consideradas de risco.
Os moradores do bairro Mauazinho, na zona Leste de Manaus, foram vítimas da erosão do solo na Rua Beira Alta. Galerias antigas que atravessam as ruas do bairro são apontadas como a causa do ocorrido.
Segundo moradores, a situação gera um sentimento de medo constante, e eles afirmam que duas casas foram engolidas por uma cratera de mais de 15 metros de profundidade. Ainda segundo eles, o prefeito esteve no local e prometeu a construção de uma orla, promessa que ainda não foi cumprida. Devido à situação, o deputado federal Amon Mandel enviou um ofício, no dia 2 de janeiro, à Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf), solicitando esclarecimentos.
“Essa situação é inadmissível, pois já ocorreu em diversas áreas de risco em Manaus. Não são acidentes, são assassinatos, omissões e irresponsabilidade. Continuarei cobrando de Brasília para que tomem providências, não apenas em Manaus, mas em todo o Amazonas, para garantir que os recursos enviados por nós e pela União para o município e o Estado sejam, de fato, utilizados de forma eficaz”, disse o deputado.
Para prevenir novos desastres, o deputado intensifica as fiscalizações, com o objetivo de cobrar ações urgentes nas áreas em risco de desbarrancamento. Mais de cinco requerimentos solicitando providências e apoio às famílias manauaras, que relatam o abandono por parte do poder público, foram protocolados nos primeiros cinco dias de trabalhos legislativos.
No dia 19 de janeiro, Jefferson Araújo e Ester Amorim, pai e filha, morreram soterrados após um deslizamento de terra no bairro Redenção, Zona Oeste de Manaus. Uma chuva torrencial caía sobre a capital do Amazonas no dia do ocorrido, mas o fator que teria intensificado o risco de erosão foram as ligações clandestinas de água.
A Defesa Civil do Amazonas e a Secretaria Municipal de Segurança e Defesa Civil (Semseg) teriam sido comunicadas previamente, por meio de ofícios, sobre os riscos enfrentados pelas famílias da Rua Macapá. Esses ofícios teriam sido enviados ainda no ano de 2024.
Texto: Caio Vinícius Vilaça