A produção de tomate, uma das principais hortaliças na mesa do brasileiro, é ameaçada por centenas de doenças causadas por vários tipos de patógenos, como fungos, oomicetos, bactérias, vírus e nematoides. Existem ainda os distúrbios fisiológicos, também chamados de doenças abióticas, que, juntas, provocam grandes perdas de produtividade, além de afetarem a qualidade do produto.
A correta identificação das causas das doenças e indicações de formas sustentáveis para seu controle foram a mola propulsora para a elaboração da terceira edição do livro “Doenças do Tomateiro”, lançado pela Embrapa Hortaliças no final de 2021. Nesta edição, os autores esclarecem sobre as variantes dos patógenos, que passaram a inviabilizar algumas tradicionais formas de manejo, como o uso de cultivares resistentes e o controle químico. Também foram destacadas algumas mudanças taxonômicas recentes que dificultaram o diagnóstico correto das doenças.
“Não foram incluídas novas doenças, mas introduzidas novidades sobre a manifestação daquelas já conhecidas em virtude do aparecimento de variantes dos patógenos, melhor caracterizados por meio de técnicas modernas de biotecnologia, e de uso de novas cultivares”, explica o pesquisador da Embrapa Hortaliças Carlos Alberto Lopes, editor técnico do livro. Ainda dentro desse contexto, ele chama a atenção para a possibilidade do surgimento de outras novas variantes como consequência de alterações no clima.
“Há fortes evidências de que novas variantes de patógenos conhecidos e novos patógenos deverão aparecer em função das mudanças climáticas – alguns desses, hoje secundários, poderão se tornar relevantes”, avalia o pesquisador.
Contribuição da pesquisa
O tomate ocupa no País a 9ª posição na produção mundial, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), com cerca de dois milhões de toneladas anuais, quando somados o tomate de mesa e o tomate para processamento industrial.
Para o pesquisador, a contribuição da pesquisa para os avanços da tomaticultura no Brasil tem sido realizada por meio de diversas trilhas, notadamente monitorando o aparecimento das novas doenças, com um enfoque na resistência genética, pelo uso de técnicas modernas de melhoramento, além de formas menos agressivas de controle químico, com a busca do aprimoramento do controle biológico.
“Adicionalmente, estamos trabalhando com o desenvolvimento de novas ferramentas de biotecnologia para o controle específico de doenças e pragas via ampliação dos mecanismos de proteção natural das plantas”, registra Lopes.
*Embrapa Hortaliças