Veja como os agricultores familiares encaram as adversidades da enchente

A cheia dos rios faz parte da vida dos moradores das zonas rurais no Amazonas. Agricultores perdem toda ou parte da produção, por isso o planejamento do plantio e as compras emergenciais do governo podem lhes devolver o folego

Situação atual do Plantio Ajaratubinha

No dia dez de março os produtores do Paraná do Periquito, Comunidade São Lázaro e Comunidade Samaria – Costa do Butija, da Zona Rural de Manacapuru (AM) estavam felizes entregando mais 25 toneladas de mamão, macaxeira e jerimum, da agricultura familiar, para Secretaria de Produção Rural (Sepror) de Manacapuru para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

Produtor Gilsomar Sabino

Atualmente, seus plantios em Paraná do Periquito e Ajaratubinha, de aproximadamente 10 hectares, estão embaixo sob as águas, afetados pela cheia dos rios, disse o produtor Gilsomar Sabino, e são cinco famílias que dependem da venda da produção.

O produtor observa que a cheia faz parte da dinâmica dos moradores da zona rural, áreas bastante remotas em situação de precariedade, por isso o planejamento do plantio é essencial. “Estamos perdendo mamão e banana que estão dentro da água, mas, trabalhamos também com juta e malva”.

Gilsomar e seus irmãos Leondidas e Raimundo trabalham 6 meses no plantio, para no período da enchente, que dura de 4 a 6 meses, viver da venda dessa colheita. “Algumas famílias fazem farinha de mandioca para venda, mas é para se manter mesmo nesse período da expressiva subida do rio, porque não tem outra renda para nós”, ressaltou.

No dia da entrevista com www.Agroflorestamazonia.com a familia Sabino estava fazendo sua farinhada. Pelo Facebook o produtor fazia a promoção do produto: “Olha pessoal, você quer farinha boa e gostosa, só no Paraná do Periquito em outros locais pode ser boa, mas, gostosa jamais”. Confira vídeo

Produtor Gilsomar Sabino fazendo a farinhada

Vulneráveis ante a pandemia

Neste ano a situação ficou mais difícil para agricultura familiar pela Covid-19. “No decorrer da pandemia ficamos por quase dois meses sem transporte para o escoamento da produção, sem conseguir levar os produtos para o governo e com as feiras suspensas ficamos sem renda”.

No período da cheia, eles comercializam a colheita de mamão, banana e outros produtos. De acordo com o produtor, a caixa de mamão está a R$ 50,00, as vezes até mais quando vai ficando a escassez. Durante a semana vendem entre 40 e 60 caixas, aproximadamente.

Articulação para garantir comida na mesa

O produtor está em tratativas com o gestor do Balcão de Agronegócios, programa do governo, para vender 3 toneladas de mamão e 2 toneladas de banana que segundo ele “dá para equilibrar, porque para começar a plantar e depois colher, demora muito tempo “.

No Facebook de Gilsomar o secretário da Produção Rural do Amazonas, Petrucio Magalhães Júnior respondeu a sua postagem das fotos de seu plantio afetado pela cheia: “O Governo do Amazonas, por meio da Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS) começou, nesta quinta-feira (22/04), a comprar de forma emergencial a produção de agricultores, associações e cooperativas, afetadas pela cheia dos rios. Durante a primeira coleta, foram arrecadadas 21 toneladas de macaxeiras, oriundas das cidades de Manacapuru e Iranduba, localizadas na Região Metropolitana de Manaus”

A esperança do produtor é sempre no ano que vem. “Vamos aguardar ano que vem para ver o que vai dar”, afirma outro agricultor.

Por Dulce Maria Rodriguez

Fotos: Gilsomar Sabino

Post Author: Agro Floresta

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