O Rio Grande do Sul registrou, até o início desta sexta-feira (3), 32 mortes e 74 desaparecidos em razão dos temporais que atingem o estado desde a segunda (29). Diferente de 2023, quando a chuva foi isolada em algumas regiões – como o Vale do Taquari –, desta vez, o impacto ocorre sobre todo território gaúcho.
A Defesa Civil colocou a maior parte das bacias hidrográficas do estado com risco de elevação das águas acima da cota de inundação (veja a lista abaixo).
“Não é só pra quem está à margem do Rio Jacuí, à margem do Rio Taquari, enfim. Outros rios, arroios e canais também sofrem essa essa interferência e é importante tomar cuidado nessas diversas localidades”, diz o governador Eduardo Leite (PSDB), que já afirmou que o temporal é “o maior desastre do estado” e que o Rio Grande do Sul vive uma “situação de guerra”.
O governo decretou estado de calamidade, situação que foi reconhecida pelo governo federal. Com isso, o estado fica apto a solicitar recursos federais para ações de defesa civil, como assistência humanitária, reconstrução de infraestruturas e restabelecimento de serviços essenciais.
Além dos 32 mortos e 74 desaparecidos, 56 pessoas ficaram feridas. O órgão soma cerca de24.252 pessoas fora de casa, sendo 7.165 pessoas em abrigos e 17.087 desalojados (na casa de familiares ou amigos). Ao todo, 235 dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 351.639 mil pessoas.
Recorde de 1941
No Guaíba, em Porto Alegre, o nível da água já passou dos 3,6 metros e pode superar 5 metros ainda nesta semana.
“As nossas projeções ainda indicam que ele vai ultrapassar a cheia de 1941, atingindo 5 metros no período do final da tarde de sexta-feira (3) também”, diz Pedro Luiz Camargo, hidrólogo da Sala de Situação do RS.
Em 1941, uma enchente inundou Porto Alegre, provocando a construção de um sistema anticheias.
Forças de segurança, como bombeiros, Exército e agentes públicos do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE), fecharam as comportas entre as Avenidas Mauá e Castello Branco, em Porto Alegre (SP), nesta quinta-feira, 2 de maio de 2024, por conta da cheia do Guaíba. — Foto: EVANDRO LEAL/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO
A região central de Porto Alegre é protegida por um sistema de diques, comportas e muros. No entanto, a região das ilhas, a Zona Sul da Capital e as cidades do outro lado da costa, como Barra do Ribeiro, Eldorado do Sul e Guaíba devem ser afetadas pela cheia.
Localização do sistema de contenção do Guaíba em Porto Alegre — Foto: RBS TV/Reprodução
Temporais no RS
A tragédia desta semana já deixou 32 pessoas mortas. O levantamento oficial da Defesa Civil informa 31 óbitos. A RBS TV apurou que há mais uma, em São Vendelino, com informações de prefeituras, bombeiros, polícia militar e outros órgãos locais.
Cidades com mortes confirmadas pela Defesa Civil: 31
- Canela (2)
- Candelária (1)
- Caxias do Sul (1)
- Bento Gonçalves (1)
- Boa Vista do Sul (2)
- Paverama (2)
- Pantano Grande (1)
- Putinga (1)
- Gramado (4)
- Itaara (1)
- Encantado (1)
- Salvador do Sul (2)
- Serafina Corrêa (2)
- Segredo (1)
- Santa Maria (2)
- Santa Cruz do Sul (2)
- São João do Polêsine (1)
- Silveira Martins (1)
- Vera Cruz (1)
- Taquara (2)
Desaparecidos contabilizados pela Defesa Civil: 60
- Candelária (8)
- Encantado (6)
- Itaara (3)
- Lajeado (5)
- Passa Sete (1)
- Pouso Novo (1)
- Roca Sales (10)
- Santa Cruz do Sul (1)
- São Vendelino (2)
- Sinimbu (1)
- Marques de Souza (13)
- Montenegro (1)
- Teutônia (3)
- Três Coroas (3)
- Travesseiro (2)
Barragens
O governo do estado emitiu alertas com relação a barragens em diversas regiões do RS. A barragem Blang, no Rio Caí, perto de São Francisco de Paula, é monitorada devido ao risco de rompimento. Outra estrutura em estado crítico é a barragem São Miguel, entre Bento Gonçalves e Pinto Bandeira.
A barragem da Usina Hidrelétrica (UHE) 14 de Julho, localizada entre Cotiporã e Bento Gonçalves, se rompeu parcialmente na tarde desta quinta. A água não provocou um aumento significativo nos volumes dos rios das Antas e Taquari.
Diferente das barragens de rejeitos de minério, como as que provocaram as tragédias de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, as estruturas sob risco no estado são de usinas hidrelétricas. As barreiras represam a água de rios para a geração de energia.
Fonte: G1