A Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) recebeu nesta segunda-feira (25) o Road Show – Open Industry – Interoperabilidade e Data Space para Indústria – Etapa Amazonas, evento promovido pela Associação Alemã de Fabricantes de Máquinas e Instalações Industriais (VDMA) no Brasil, com o objetivo de discutir estratégias para a implementação de soluções de Indústria 4.0 e promover a modernização industrial no País. O projeto, que já passou por Belo Horizonte e segue para São Paulo e Caxias do Sul, visa disseminar conhecimento técnico sobre tecnologias de transformação digital.
Durante a abertura, o superintendente da Suframa, Bosco Saraiva, destacou a importância da inovação para o futuro do Polo Industrial de Manaus (PIM), especialmente após a conquista da reforma tributária que assegurou os incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus até 2073. Ele alertou, no entanto, sobre os desafios contínuos impostos por regulamentações podem impactar a competitividade do modelo e também que sem avanços tecnológicos, os incentivos conquistados podem se tornar ineficazes. “Se não avançarmos tecnologicamente, de nada terá valido termos garantido o texto na Constituição Federal. Ele será simplesmente letra morta”, observou.
Outro ponto levantado foi o papel estratégico da Lei de Informática da Zona Franca, que, segundo o superintendente, é um diferencial importante para atrair investimentos e estimular o desenvolvimento tecnológico. O superintendente defendeu que o PIM deve se inspirar nas grandes potências, como China e Estados Unidos, para se posicionar como um dos polos industriais mais avançados do mundo. “Nós precisamos projetar o nosso foguete e competir com as grandes potências em pesquisa, desenvolvimento e inovação”, disse.
O presidente-executivo do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Lúcio Flávio Oliveira, abordou a Indústria 4.0 como ferramenta estratégica para superar desafios logísticos e econômicos da região. “A Indústria 4.0 nos oferece ferramentas para potencializar nossa produtividade, reduzir custos e conectar nossa produção ao mundo de maneira eficiente”, disse. Ele também defendeu a digitalização como um pilar fundamental para atrair novos investimentos e garantir a sustentabilidade do PIM, reforçando a necessidade de colaboração entre governo, empresas, academia e sociedade.
A chefe de representação da VDMA no Brasil, Fabiane Wahlbrink, destacou a relevância do intercâmbio de conhecimento internacional para o desenvolvimento da indústria nacional. “O Road Show é uma iniciativa para levar o conhecimento internacional à nossa indústria brasileira”, afirmou. Segundo ela, a VDMA representa 3.600 empresas europeias, das quais 360 já atuam no Brasil.
Programação
O evento trouxe palestras e debates com tradução simultânea em português e inglês. A moderação do evento foi realizada pelo especialista em Transformação Digital, Sustentabilidade, Indústria 4.0, Economia Circular e Infraestrutura de Qualidade, da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), Johannes Klingberg.
Conforme apresentou o moderador, a programação foi organizada para tratar de questões relacionadas à integração de dados na cadeia de valor, tais como o custo dessa integração e as estratégias para realizar trocas de dados seguras entre fornecedores e clientes, garantindo controle e proteção das informações compartilhadas. O debate focou em dois aspectos centrais: a criação de uma linguagem comum para a produção e o desenvolvimento de espaços de dados confiáveis, ambos essenciais para promover a inovação tecnológica no setor industrial brasileiro.
A primeira palestra, sobre Indústria 4.0, foi apresentada pelo fundador da Infinite Foundry, Bruno Eisinger, empresa especializada no metaverso industrial e gêmeos digitais 3D. Na sequência, o diretor do Departamento de Interoperabilidade de Informações de Máquinas da VDMA, Andreas Faath, apresentou a palestra “Padrões de Interoperabilidade: OPC UA Companion Specifications”. O OPC UA foi destacado como um padrão essencial para a Indústria 4.0, promovendo comunicação segura e eficiente entre máquinas, sistemas e dispositivos, além de oferecer um modelo de dados estruturado e interoperável.
O gerente de Educação e Tecnologia Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Ricardo Aloysio, abordou o tema “Retrofit 4.0 e sua Conexão com o OPC UA”, destacando como modernizar equipamentos existentes para o ambiente digital. Eisinger retornou à programação com a palestra sobre “IoT (AIoT) / Big Data / Analytics”, enfatizando como essas tecnologias otimizam processos e ampliam o uso estratégico de dados na indústria. O evento contou, ainda, com o debate “Espaços de Dados: O Caminho para a Criação no Brasil”, apresentado pelo gerente de projetos da VDMA Frankfurt, Maximilian Wagner e Johannes Klingberg.
Finalizando a programação, o gerente de projetos do Centro Internacional de Tecnologia de Software (CITS), Igor Pusch, apresentou resultados do programa prioritário da Indústria 4.0 na região. Ele mostrou como a política pública do Comitê das Atividades de Pesquisa e Desenvolvimento na Amazônia (Capda) tem incentivado indústrias a adotarem a transformação digital, impactando positivamente o ecossistema de inovação da Amazônia Ocidental e do Estado do Amapá.
*com informações da assessoria
Fotos: colaboração de Ester Carvalho/Suframa