Nesta terça-feira (10), a Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga a atuação de ONGs na Amazônia recebeu representantes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para responder às indagações dos senadores sobre o considerável aumento na população indígena registrado no último Censo, que quase dobrou. O convite feito ao presidente do IBGE, Marcio Pochmann, que alegou estar em viagem, e, em seu lugar, enviou a diretora Flávia Vinhaes e a coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais, Marta Antunes.
O presidente da CPI, senador Plínio Valério (PSDB-AM), questionou os métodos adotados pelo IBGE e a abordagem das perguntas que parecem induzir cidadãos de outras etnias a se declararem como indígenas. A pergunta “Você se considera indígena?”, realizada pelos recenseadores após a pessoa ter informado a sua raça, foi criticada pelos membros da comissão como uma forma de direcionar as respostas para que pessoas de outras etnias se autodeclarassem como indígenas. Segundo o senador, essa ação faz parte de uma tentativa de criar mais territórios indígenas, isolando áreas produtivas, tirando produtores familiares de suas terras futuramente.
Os resultados totais do último Censo incluíram tanto aqueles que responderam “indígena” na pergunta sobre raça quanto aqueles que responderam “sim” quando perguntados se se consideravam indígenas. Os dados mais recentes do Censo indicam que a população indígena do país é de 1,69 milhão de pessoas, um aumento considerável em relação aos números do Censo anterior, em 2010, quando a população indígena era de 896,9 mil.
“É um movimento coordenado, o IBGE pergunta em áreas não indígenas se pardos ou mestiços se consideram indígenas. As perguntas foram feitas para influenciar, como denunciou indígenas e representantes do movimento mestiço na CPI. Como explicar que a população indígena dobrou em 10 anos?”, questionou o senador amazonense.
O senador amazonense questionou se Marta conhecia o pesquisador Tiago Moreira, do Instituto Socioambiental, que participou da colaboração no Censo. Em uma reportagem da BBC Brasil, Tiago explicou esse processo: “A discrepância ocorre porque as pessoas tendem a associar a cor da pele quando respondem à pergunta sobre sua cor. No entanto, quando adicionamos a pergunta adicional sobre se a pessoa se considera indígena, isso abre espaço para uma série de outros critérios étnicos que a pergunta sobre cor não aborda”. Além do ISA, a representante também confirmou a participação de outras ONGs, como o Instituto Iepé.
O presidente da CPI também apresentou um vídeo revelado pela presidente do Movimento Nação Mestiça, Herderli Fideliz, no qual uma moradora do Amazonas denuncia a tentativa de categorizar mestiços como indígenas. Durante seu depoimento à CPI, Herderli também relatou práticas que visam classificar pessoas de outras etnias como indígenas.
*com informações da assessoria