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Série Estâncias do Alegrete- As estancieiras passaram a administrar as lidas campeiras

Durante a Guerra dos Farrapos, com a ausência dos homens no ambiente familiar, as mulheres tiveram que tomar a frente das propriedades rurais

Com o início da Revolução Farroupilha a mulher teve sua vida e cotidiano transformado de uma hora para outra. Com seus maridos à frente da batalha, que se estendeu por 10 anos, elas assumiram a casa e o controle dos negócios. Viraram mulheres guerreiras, de fibras, delicadas e surpreendentes. Ficaram conhecidas como estancieiras porque passaram a administrar as lidas campeiras, domésticas e dos negócios, além de tomar conta dos lares e filhos. Tiveram uma grande ajuda das mulheres negras, que eram escravas.

 Mulheres essas que conseguiram provar que mesmo sendo femininas, eram fortes e ativas. Até hoje elas cuidam de suas estâncias.

FAZENDA SÃO JOÃO

Administradora – Maria Quirina Machado Ferreira

O açoriano Jerônimo Machado da Silveira, da ilha Faial (Arquipélago dos Açores), fixou-se em Rio Pardo, onde possuía sesmarias e deu início a sua criação de gados. Era casado com Maria Santa Ávila e Nunes, teve 7 filhos. O primeiro deles Francisco Machado da Silveira casou-se com Floriana Maria do Nascimento (Nunes Coelho). Esse casal foi um dos primeiros povoadores de Alegrete, onde ele recebeu sesmarias e foi morar no Rincão do São Miguel. Tiveram 8 filhos e, dentre eles, Joaquim José da Silveira, casado com Catharina Antônia da Silveira.

Joaquim José veio para Alegrete com seu pai no início do século XIX, herdou metade de uma sesmaria no Rincão. O casal Joaquim e Catharina tiveram 9 filhos, sendo seu último filho, Cândido Machado da Silveira, casado com Claudina Francisca de Paula, que tiveram 6 filhos, sendo que o quinto filho do Cândido e Claudina foi Hipólito Cândido Machado, casado com Araci Bacelar dos Santos (foca), que tiveram 7 filhos, sendo sua filha Zoé Machado Ferreira da Costa, casada com Ícaro Ferreira da Costa, que tiveram duas filhas Carmem e Maria Quirina Machado Ferreira.

 A fazenda São João localiza-se no 8° subdistrito de Alegrete, Rincão de São Miguel, na região denominada Rincão da Palma. Essa propriedade pertenceu a Hipólito Cândido Machado de 21 de novembro de 1933 até 3 de março de 1958, quando passou a pertencer a Ícaro Ferreira da Costa e Zoé Machado Ferreira da Costa que fundaram a “fazenda São João”. Esse casal teve a propriedade desde 1° de fevereiro de 1960 até 2 de outubro de 1977.

A propriedade transformou-se no Condomínio Ícaro Ferreira da Costa, sendo suas condôminas Zoé e sua filha Maria Quirina, no período de 3 de janeiro de 1978 até 23 de abril de 1998. A sede da propriedade foi erguida no ano de 1980.

 A atividade baseia-se na exploração da pecuária: bovinocultura e ovinocultura. Essa é a origem da “Fazenda São João”, onde Maria Quirina conduz administrativamente.

A principal atividade produtiva da fazenda é a produção de novilhos, desde quando nasce, até a sua venda para abate, no sistema integrado utilizado, ou seja, de cria, recria, engorda. Semeiam pastagens e pequenos potreiros, próximos as casas. Há 42 anos criam gado. As raças de gado de corte são gado misto, predominando a raça Braford. Os cavalos utilizados são da raça crioula. As raças de ovinos são Merino e Ideal. Comercializam a carne entre abatedouros ou produtores.

Comercializam o couro e a lã, através da barraca Sinuelo de Alegrete, que normalmente comercializa com Sant’Ana de Livramento. Possuem equipamentos necessários ao trabalho diário na fazenda, tais como: camionetes, trator, implementos…Possuem internet móvel, notebook…

O trabalho de manejo do gado é feito por categorias: classificação por idades, nas respectivas invernadas, por exemplo, as vacas e novilhas com cria ao pé, ficam em invernadas próximas as casas, para facilitar o manejo; O gado solteiro fica em invernadas separadas; As novilhas de 13/24 meses em outra; Os touros ficam separados também; As terneiras desmamadas em outra; Os descartes em outra. É usual o rodízio de pasto. Os terneiros desmamados são transferidos para o “Cerro da Sepultura”, no Guassu Boi, outra fazenda de Maria Quirina, lá permanecem até a venda para abate, quando adulto. Normalmente pesam uma média, aproximadamente de 600Kg.

O manejo das ovelhas e dos cavalos obedece ao mesmo critério do gado de cria, sendo distribuído nas invernadas conforme a lotação adequada.

Os fornecedores de medicamentos, insumos agrícolas são as veterinárias locais: Caverá, Garupá, Ciavet…

Os fornecedores de melhoramento de genética da fazenda, são a estância Silêncio, com reprodutores da raça Braford e sêmens da raça Nelore e Braford e Artur Hormain, de Heus ind.com.de nutrição animal ltda. Possuem 6 funcionários fixos e um ou dois avulsos, quando precisam.

Maria Quirina Machado Ferreira

Ela é Bacharel em Ciências Econômicas, Bacharel em ciências Administrativas, formação pedagógica, pós graduação, várias especializações, cursos, seminários, teve muitas experiências profissionais: auxiliar administrativa, secretária, estagiária, tesoureira, professora estadual.

 Atualmente Maria Quirina desempenha a função de administradora de suas propriedades rurais em Alegrete: “fazenda São João”, “Santa Alzira” no Rincão da Palma (8° subdistrito) e “Fazenda Cerro da Sepultura”, no Guassu Boi (5° subdistrito).

 “…É muito gratificante a gente ter nascido no campo, respirado esse ar puro e fortalecedor. Ter se alimentado dos frutos de seu próprio solo, crescer, em sequência, chegando a idade madura e ainda continuar participando do dia a dia na propriedade, através da contabilidade, o controle do resultado, ou seja, através do movimento financeiro, das entradas e saídas de caixa, ou resultados econômicos, do controle do rebanho, ou seja, do gado(por cabeça), nascimentos, parições, mortes, consumos e perdas, compras, vendas, produção…e da manutenção do rebanho, consumo de ração, suplementos, defensivos, vacinas, medicamentos, enfim…”

Texto Márcia Ximenes Nunes

Edição: Dulce Maria Rodriguez

Fotos: Reprodução

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