Manaus – Durante a diligência externa da CPI das ONGs no distrito de Pari Cachoeira, em São Gabriel da Cachoeira (AM), o senador Plínio Valério (PSDB-AM), presidente da Comissão, recebeu diversas cartas de comunidades indígenas expressando repúdio à atuação de ONGs na Amazônia. Uma delas, lida por Sílvio Benjamin Baniwa, relata violações sofridas por indígenas por parte de ONGs com interesses “individuais e unilaterais”, mencionando o Instituto Socioambiental (ISA) e a Federação dos Povos Indígenas do Rio Negro (Foirn), que estão localizadas em São Gabriel da Cachoeira.
As cartas também denunciam manipulação e interferências, alegando que o ISA usa os povos indígenas para angariar recursos que nunca são aplicados nas comunidades, resultando em enriquecimento ilícito à custa da pobreza indígena.
“É importante destacar que fomos solicitados pelos indígenas. Eles denunciaram e afirmaram que a CPI precisava vir aqui para comprovar que não estão mentindo. Portanto, não pretendemos demonizar nenhuma ONG, mas é claro que o Instituto Socioambiental precisa ser investigado, porque o que eles fizeram no verão passado não foi coisa boa. Os relatos e depoimentos dos povos indígenas do Alto Rio Negro confirmam isso”, afirma o senador Plínio Valério.
Dentre a série de denúncias, a carta dos povos baniwa diz que a Foirn “está tornando os povos indígena do Alto Rio Negro como principal objeto e massa de manobra para usufruir recurso de países estrangeiro usando nome de 23 grupos étnicos, 50 mil Indígena e 700 aldeias”. O documento entregue ao presidente da CPI das ONGs também pede que o colegiado investigue a entrada de recursos estrangeiros em nome dos povos indígenas do Alto Rio Negro por parte do ISA e da Foirn.
Na carta, eles também expressam preocupações com relação à saúde indígena e pedem que a CPI investigue a compra de computadores, motores e equipamentos de internet que nunca foram entregues às comunidades indígenas. Além disso, afirmam que a Foirn abandonou seus objetivos iniciais, como a educação indígena, e fazem uma série de críticas à atuação da Federação, alegando que a entidade “deixou de lutar pelos povos indígenas”.
O documento também alega que não há evidências de resultados provenientes dos recursos recebidos do exterior pelo ISA e pela Foirn. “Pedimos que a CPI, investiguem se vale apenas investir dinheiro de fora para ONG do Alto Rio Negro, Foirn e ISA porque os povos indígenas de fato não receber benéfico sequer da FOIRN, portanto se depender de nós, pedimos que os países europeus não investir mais nas ONGS que estão instalado no Brasil; pois o mesmo não tem resultado eficaz para as comunidades indígenas”, diz o documento.
Outra carta recebida pela CPI afirma que projetos da Foirn nunca foram executados, apenas realizações de reuniões e assembleias para “justificar os projetos executados e prestação de contas manipulados com resultados totalmente duvidosos”, diz. A carta também denuncia um projeto de Pesca Esportiva que camufla a retirada de minérios e diz que a coordenação da Fundação Nacional do Índio (Funai) está totalmente aparelhada por ONGs.
“Não queremos mais essas ONGs nos atrapalhando projetos de nossas vidas, eles se enriquecem na pobreza do indígena do Alto Rio negro e outros estados onde estão essas ONGs, enriquecendo ilicitamente na miséria do indígena. Fazendo biopirataria, levando conhecimento tradicional em troca de nada para o povo detentor desse conhecimento”, diz um trecho do documento, que encerra pedindo a retirada do ISA da região e de todos que atrapalhem suas perspectivas de um mundo melhor.
Outra carta dos povos Baré, Werekena e Baniwa repudia a atuação e as interferências do ISA e da Foirn.
“Queremos ser livres desimpedidos, para poder usar as nossas áreas que pertence a nós milenarmente conforme a nossa tradição e cultura e conforme as nossas decisões. Queremos que retire definitivamente o ISA, pois a sigla é Instituto Socioambiental e hoje significa Índio Sendo Assaltado. Fora ISA”, reclamam.
*com informações da assessoria