Por professor José Melo, ex-governador do Estado do Amazonas
Lembro-me de um colega de escola apelidado de “Bravateiro” — tudo nele era exagerado, sempre no superlativo. Nunca mais o vi, mas, ao observar o cenário global, percebo que os bravateiros continuam em alta.



Aqui na América do Sul, o presidente Luiz Inácio e o líder da Venezuela se destacam nessa arte, enquanto Javier Milei, da Argentina, ainda parece um “aprendiz”. Na Europa, ninguém supera o presidente russo, e, na Ásia, Kim Jong-un segue como referência absoluta.


Hoje, porém, quero focar em Donald Trump, a grande estrela do momento. Diferente dos demais, suas bravatas são calculadas e estratégicas. Durante o governo Biden — marcado por uma liderança fraca e, por vezes, confusa — os EUA perderam parte de sua hegemonia global. A guerra entre Israel e grupos extremistas, por exemplo, poderia ter sido evitada se houvesse uma intervenção americana mais firme desde o início. O mesmo vale para o conflito entre Rússia e Ucrânia, além do avanço da China e da crescente ousadia da Coreia do Norte.

Trump, por sua vez, decidiu dar seu recado ao mundo, rugindo como um leão imponente: “sou capaz de tudo”. Ele sabe que foi eleito com o apoio de bilionários do petróleo e das big techs, e seu primeiro discurso deixou claro que pretende explorar ao máximo as vastas reservas de petróleo e gás dos EUA, enviando um forte aviso à OPEP.
Como empresário de sucesso, Trump conhece bem o jogo do poder. Ele sabe que, para se manter no topo, precisa rugir alto — algo que faz não apenas para proteger seus aliados e financiadores, mas também para fortalecer a economia americana diante da ascensão chinesa.
O impacto dessas ações na geopolítica mundial e na economia global ainda é incerto. No entanto, seria prudente que nosso “bravateiro tupiniquim” refletisse um pouco mais antes de falar. Afinal, ouvir mais e falar menos sempre foi um bom conselho na hora de tomar decisões importantes.