Rio Negro volta a descer em Manaus e bate novo recorde histórico

Manaus (AM) – O Rio Negro atingiu 12,66 metros, a menor profundidade já registrada em mais de 120 anos de medições. Os dados, obtidos pelo Porto de Manaus, superam o recorde anterior de 12,70 metros, observado em outubro de 2023.

A situação se agravou na terça-feira (8), quando o nível caiu para 12,17 metros, o mais baixo em 122 anos de registros. Desde quinta-feira (3), houve uma redução de 29 cm, e a expectativa é que o nível continue a descer devido à falta de chuvas na região amazônica.

No ano passado, durante uma das secas mais severas, o Rio Negro alcançou 12,70 metros em 26 de outubro. Este ano, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) registrou um nível crítico de 12,68 metros às 17h30 de quinta-feira (3), que caiu para 12,59 metros no dia seguinte. O nível máximo já registrado foi de 30 metros em junho de 2021, o que evidencia a gravidade da situação atual.

Crise no Rio Solimões

O Rio Solimões, outro importante afluente do Amazonas, também enfrenta uma severa crise hídrica. Na segunda-feira, o nível caiu para 3 metros em Manacapuru, 11 cm abaixo do recorde anterior, registrado em 25 de outubro do ano passado. A situação é crítica para as comunidades ribeirinhas, que dependem desse recurso vital.

Com a chegada das chuvas prevista apenas para o próximo mês, o nível do Solimões, que desce dos Andes no Peru, deve continuar a cair, aprofundando a crise.

Impactos da Seca na Região Amazônica

O SGB estima que o Rio Negro está experimentando uma diminuição média de 19 cm por dia. O coordenador nacional dos Sistemas de Alerta Hidrológico, Artur Matos, alertou que, se essa tendência se mantiver, o rio poderá ultrapassar marcas históricas em breve e ficar abaixo de 12 metros nas próximas semanas.

A seca se estende por toda a Bacia do Amazonas, onde muitos rios apresentam níveis abaixo do normal para a época. Rômulo Batista, biólogo do Greenpeace Brasil, destacou que a atual intensidade da seca é superior à do ano passado e que os níveis de água estão caindo mais cedo.

As consequências são graves para as comunidades locais, que dependem dos rios para alimentação, transporte e medicamentos. André Guimarães, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, afirmou que a situação é inédita, com um impacto significativo na vida das pessoas.

Atualmente, os 62 municípios do Amazonas estão em estado de emergência devido à seca, com a Defesa Civil do estado reportando que todos os rios na região estão com níveis aquáticos abaixo do normal. Quase 750 mil pessoas estão sendo diretamente afetadas pela crise hídrica.

 

 

Post Author: Conceição Melquíades

Jornalista e ativista social, fascinada pela Amazônia e o povo que nela habita

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