Quilombolas celebram Dia da Consciência Negra e 25 anos de titulação de seu território

Programação na comunidade Boa Vista, em Oriximiná, terá ainda live para destacar a cultura e o protagonismo da mulher negra. Comemoração será realizada com participação de 150 famílias

Na Comunidade do Boa Vista Trombetas, em Oriximiná, oeste do Pará, o Dia da Consciência Negra, nesta sexta-feira (20), é marcado por um momento especial: os 25 anos de titulação das terras quilombolas desta comunidade, pioneira na conquista desta luta.

Para celebrar, 150 das 300 famílias do Boa Vista Trombetas vão participar de uma ampla programação. “Fomos a primeira comunidade negra do Brasil a conquistar a titulação das terras. Tivemos muita dificuldade, mas conquistamos, praticando uma frase que usamos muito no quilombo: ‘não desistir’. Então, seguimos na luta e conseguimos a vitória”, relatou o coordenador geral da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos de Boa Vista Trombetas (ACRQBV), Amarildo Santos de Jesus.

Amarildo lembra que, além das comunidades abraçarem completamente a causa, outras instituições como a ACRQBV e a Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná (ARQMO), criadas para defender a causa, a Comissão Pró-Índio, o Ministério Público e a Mineração Rio do Norte (MRN) apoiaram o processo de titulação. “Tivemos apoio das comunidades, destas instituições e da MRN no processo”, reforçou.

O coordenador geral da ACRQBV comenta que, por conta da pandemia, a comemoração deste ano precisou ser reformulada. “Nossa ideia inicial era reunir todas as comunidades que conseguiram a titulação, mas, por questão de segurança por causa da pandemia, tivemos que fazer a programação apenas no Boa Vista. Mesmo assim, vemos a alegria estampada nas pessoas. É maravilhoso viver esse momento para nós e compartilhar com nossas próximas gerações”, disse

Modelo de titulação de forma coletiva

Para a Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná (ARQMO), que também participará da roda de conversa da programação no Boa Vista Trombetas, a celebração marca uma conquista de grande representatividade, pois esse modelo de titulação de forma coletiva beneficia oito territórios quilombolas com 37 comunidades e aproximadamente 8.000 quilombolas.
 

“Participamos desta luta com a ARQMO desde 89, criada para defender este e outros direitos das comunidades quilombolas. Essa conquista pioneira serviu de modelo para outras comunidades do Brasil. Nestes 25 anos, também percebemos como se estabeleceu um respeito de territorialidade entre as comunidades tituladas”, relatou Claudinete Colé, coordenadora da ARQMO.

Jéssica Naime, gerente de Relações Comunitárias da MRN, ressalta que o Dia da Consciência Negra na região ganha ainda mais relevância dada à presença de diversas comunidades remanescentes de quilombo na região oeste do Pará e que a empresa apoia, todos os anos, as festividades das comunidades em seu entorno com recursos para as atividades organizadas pelos comunitários.

“Além disso, neste ano, em especial, a pedido da ACRQBV, a MRN está financiando a reforma do barracão comunitário no território de Boa Vista em parceria com a comunidade, que realizará as obras na forma de mutirão. O barracão comunitário é o espaço do encontro, das festividades e das reuniões de organização da comunidade. Sua reforma pode ter também o sentido de renovação da organização comunitária e da sua unidade identitária como quilombolas”, destacou.

Protagonismo da mulher negra na sociedade

A ARQMO também organizou uma programação online para celebrar o Dia da Consciência Negra nesta próxima sexta-feira. A Live “Protagonismo da mulher negra na sociedade”, reunirá várias lideranças negras femininas, a partir das 19h, no canal da ARQMO no YouTube.

O encontro reunirá as lideranças Claudinete Colé, Irene Pinheiro, Zelma Pires e Lenivalda Xavier, para falar sobre a importância da representatividade feminina negra; os cuidados físico e mensal da mulher; desigualdade de gênero; e a contribuição das mulheres negras na formação dos quilombos. 

“O objetivo desta roda de conversa é valorizar a importância da mulher negra, resgatar sua autoestima, seu empoderamento e pertencimento na sociedade”, disse Colé.

A Live também terá uma diversa programação cultural com apresentações de danças dos grupos Pretinhas de Angola, da comunidade Abuí; Swing dos Palmares, da comunidade Jarauacá; e Dandaras, que reúne dançarinas de todos os quilombos. 

A programação será animada ainda com as atrações musicais de Aurinha Souza; da comunidade São Benedito; Swing do Pagode, da comunidade Boa Vista Cuminá; Carlos Printes, da comunidade Abuí; e Francisco Colé, da comunidade Boa Vista Trombetas.

Texto com informação do Temple Comunicação 

Fotos: Divulgação

Post Author: Agro Floresta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *