Segundo a 8ª Pesquisa Hábitos do Produtor Rural, da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio a pandemia tem impacto médio no campo para 11% dos produtores rurais e alto para 25% deles
Um radio-X do setor primário do país mostra que 64% dos produtores rurais sentiram baixo impacto da pandemia nos seus negócios. Por conta disso, 86% deles não fizeram qualquer mudança na administração de suas propriedades e 78% mantêm os planos de investimentos durante a crise sanitária.
Esta é uma das conclusões da 8ª Pesquisa Hábitos do Produtor Rural, da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (Abmra), um amplo levantamento do perfil dos produtores, incluindo seus hábitos de mídia, compra e conectividade, entre outros.
Segundo a publicação a pandemia tem impacto médio no campo para 11% dos produtores rurais e alto para 25% deles.
A pesquisa
A pesquisa ocorreu presencialmente, seguindo todos os protocolos de saúde e segurança, e foi realizada entre outubro de 2020 e janeiro de 2021 com 3.000 produtores rurais (homens e mulheres com poder de decisão, de propriedades de pequeno, médio e grande portes) de 15 estados de todas as regiões do país, abrangendo 15 culturas agrícolas e 4 atividades animais.
“O estudo mostra, com exatidão, o que está na mente dos agricultores e criadores neste exato momento em que o Brasil e o mundo ainda são impactados pela pandemia do novo coronavírus”, destaca Ricardo Nicodemos, vice-presidente da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio e coordenador da pesquisa.
Na sua opinão o levantamento é essencial para todos os agentes da cadeia da produção, incluindo empresas das mais diferentes áreas de atuação, entidades de classe, órgãos governamentais, formadores de opinião e meios, para entender os hábitos dos produtores e a relevância ou mesmo a baixa relevância dos novos agentes de comunicação, como as mídias sociais, a tecnologia de forma geral e os influenciadores digitais do agro.
Conectividade e comunicação
A pesquisa, que foi encomendada pela entidade à IHS Markit. também constata o avanço das ferramentas de comunicação no campo: 94% dos produtores têm smartphone, contra 61% na pesquisa anterior, realizada em 2017.
Outro ponto importante é a maior oferta de internet no meio rural, disponível para 91% dos produtores de animais e 88% para os agricultores. 57% dos entrevistados usam a rede 15 ou mais vezes por dia.
Previsão do tempo e informação são os principais conteúdos buscados por agricultores e criadores.
“Nunca o conteúdo foi tão importante nas mídias digitais”, aponta a pesquisa. “74% dos produtores usam a internet para se atualizar.
O levantamento comprova a relevância do Whatsapp como meio de comunicação digital. Nada menos do que 76% dos produtores usam a plataforma para realizar negócios, o que é uma novidade.
O Facebook continua sendo importante como rede social, porém não para fazer negócios, e o YouTube quase triplicou de importância em relação à pesquisa de 2017, detalha Jorge Espanha, presidente da ABMRA.
Entre os meios de comunicação tradicionais, os produtores preferem a tv aberta, seguida por rádio, tv especializada, jornal e revista.
“Destaco a resiliência do meio rádio, que permanece muito importante no meio rural e também a confiança dos agricultores e criadores nas revistas e jornais. Um em cada quatro produtores participantes da pesquisa (26%) disse que “a revista é muito importante para me manter informado sobre o setor rural” e 30% destacaram que “jornais e revistas do agronegócio ajudam os profissionais do campo a inovar e aumentar os seus ganhos”.
“O que vemos é a convergência de vários meios de comunicação com a necessidade de agilidade na tomada de decisão e interação, fator já previsto na 7ª Pesquisa ABMRA Hábitos do Produtor Rural, de 2017”, ressalta Jorge Espanha.
Força da mulher
A mulher ganha cada vez mais espaço no campo, particularmente em postos de gestão e em determinadas atividades produtivas, representando 26% dos cargos de decisão e comando.
Para 94% dos produtores rurais consultados, a mulher é vital ou muito importante no negócio rural. O Brasil é muito grande e tem características regionais próprias, inclusive em termos de perfil da produção, o que se reflete no resultado da pesquisa.
Um exemplo é a mulher no campo, especificamente quanto à sua maior ou menor presença em postos de gestão ou liderança. No leite, por exemplo, ela participa com 88%; em contrapartida, na soja, com apenas 2%.
Por Dulce Maria Rodriguez
Fonte: 8ª Pesquisa ABMRA Hábitos do Produtor Rural
Fotos: Divulgação