A alimentação saudável está ficando cara, virou luxo, disse a consumidora no supermercado
As 7:00 horas de hoje a Letícia Martines, 44 anos, e seu filho Diogo Simões , 21 anos, estavam na porta de um supermercado da Zona Norte de Manaus, para se abastecer de alimentos. Era o 48 dia do isolamento social para eles, e a geladeira deles precisava ser abastecida.
Na seção de legumes e hortaliças, Letícia percebeu que os preços tinham disparado, chegando a triplicar em um mês. “A alimentação saudável está ficando muito cara, está sendo difícil se cuidar comendo frutas e legumes, agora virou luxo”, comentou
Ela ficou surpresa com a quantidade de pessoas no supermercado. Achou que sendo cedo não iria encontrar muitos compradores, mas errou. Todo mundo com máscara e preocupados em manter a distancia de dois metros. Alguns estavam de luvas, o ambiente estava tenso. Com a pandemia subindo o número de óbitos (Manaus registra 584 vítimas fatais oficialmente, mas os casos de sepultamentos não notificados covid-19 é quase o dobro, segundo especialistas da área) o medo, agora, dita o comportamento.
Mas voltando aos alimentos, os preços estão insustentáveis. O quilo de repolho chegou a R$ 8,19. No mês passado estava em R$ 4,30. “È mais em conta comer um tambaqui ruelo, que está o R$ 8,99 o quilo”, esbravejou.
Outros alimentos como o pimentão(R$ 7,99), a cenoura (R$ 5,89), a batata(R$ 5,19), o tomate(R$ 4,69), a cebola (R$ 4,19), e os ovos (R$ 16,99 a caixa com 30 unidades) mostram que a classe média está cada vez mais indefesa, frente ao abuso das redes de supermercados.
“Fazer um suco de fruta em casa é mais caro que comprar um refrigerante de 2 litros. Considerando, por exemplo, que o quilo de melão custa R$ 7,99 e uma Coca Cola R$ 5,89”, disse.
Outras frutas que subiram de preços são o abacate (R$ 7,99), a banana Pacovã (R$ 7,49), as maçãs (R$ 7,29). O funcionário do setor de hortaliças e frutas, pediu para não publicar o nome, comentou que “a quantidade de compradores não diminuiu pelo coronavirus, pelo contrario, as pessoas estão comprando mais”, Ele saientou ainda, que os estoques estão sendo permanentemente renovados pela procura elevada. ” Mas os preços das verduras, hortaliças e outros hortifrutiganjeiros sobem toda semana”.
Inflação nas gondolas
A percepção de Letícia sobre os preços, se comprova com os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estadística (IBGE), que mostram que os maiores aumentos se deram em produtos alimentícios.
O preço dos alimentos dispararam em março, fechando o mês em alta de 1,13%, contra 0,22% registrado em fevereiro, informa o IBGE . Segundo o Instituto os maiores aumentos se deram em produtos relacionados à alimentação em domicílio, como cenoura (20,39%), cebola (20,31%), tomate (15,74%), batata-inglesa (8,16%) e ovo de galinha (4,67%). No geral, alimentos usados para refeições em casa aumentaram 1,40% no mês.
Foram responsáveis por manter a inflação no terreno positivo, apesar da queda dos preços dos combustíveis e das passagens aéreas. Em março, o IPCA, índice oficial de inflação do país, ficou em 0,07%, contra 0,25% do mês anterior.
O grupo alimentos teve impacto de 0,22 ponto percentual na inflação de março. Em abril, com o prolongamento do isolamento social, as pessoas estão comprando mais para comer em casa e a inflação nas gondolas está em alta
Texto e fotos: Dulce María Rodiguez