PORTO DE CHANCAY: A ESTRATÉGIA CHINESA NA AMÉRICA LATINA

O Porto de Chancay, no Peru, surge como um ponto estratégico de acesso ao Oceano Pacífico em direção à Ásia, especialmente à China, mas representa muito mais do que uma solução logística para o comércio internacional. Embora reduza em 12 dias a distância entre o Brasil e o mercado asiático em comparação com o Canal do Panamá, este projeto se apresenta como uma ameaça à economia latino-americana, funcionando como um “Cavalo de Troia” para a região.

 

A iniciativa chinesa em Chancay evidencia a ampliação de sua influência no Cone Sul, beneficiando-se do desinteresse histórico dos Estados Unidos nas relações bilaterais com países da América Latina. Enquanto Washington continua priorizando o Canal do Panamá como principal rota para a Ásia, Pequim avança sobre a economia peruana e fortalece sua parceria com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Distanciando-se dos EUA, o Brasil parece estar cada vez mais inclinado a estreitar laços com a China, algo que se intensificou sob o governo Trump e sua política externa pouco receptiva à região.

No cenário geopolítico, essa escolha pode representar um erro estratégico significativo para o Brasil. A dependência crescente da China ameaça diretamente setores como o Polo Industrial de Manaus (PIM), que Pequim vê como uma nova oportunidade para explorar recursos estratégicos. A Amazônia, com suas terras raras, nióbio, urânio e vasta biodiversidade, está no centro dessa disputa econômica, tornando-se alvo de interesses chineses.

 

Além do impacto para o Brasil, o Porto de Chancay simboliza a tentativa de Pequim de consolidar sua posição como potência dominante na América Latina, em detrimento das economias locais. A aquisição da mineradora Taboca, em Presidente Figueiredo, é um exemplo claro dessa estratégia de controle de recursos estratégicos brasileiros.

O avanço chinês, impulsionado pela Nova Rota da Seda, tem como objetivo ampliar sua influência global, muitas vezes desestabilizando economias mais vulneráveis e tornando-as dependentes de seu poderio econômico. O projeto vai além de interesses comerciais, desafiando diretamente a hegemonia dos Estados Unidos e colocando países como o Brasil em uma posição subordinada a seus interesses geopolíticos.

 

Diante desse cenário, a questão que se impõe é: até quando o Brasil continuará abrindo caminho para o avanço chinês sem avaliar as consequências de longo prazo para sua soberania econômica e ambiental?

Texto: Ex-governador José Melo

Fotos: Reprodução/Internet

Post Author: Beatriz Costa

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