Nos últimos anos, a escassez de recursos naturais e o aumento da fome global têm impulsionado debates sobre alternativas econômicas sustentáveis. O Amazonas, com sua biodiversidade e potencial hídrico, desponta como um dos principais cenários para o desenvolvimento da piscicultura, prática que alia produção de alimentos à preservação ambiental.
O Estado já foi palco de um espetáculo natural único, com cardumes volumosos subindo os rios em piracema. Contudo, fatores como pesca predatória, mudanças climáticas e crescimento populacional reduziram drasticamente a quantidade de peixes nos rios amazônicos. Se continuar dessa forma, em menos tempo do que se imagina, não teremos peixes na natureza para manter o sistema.
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Durante a gestão de Melo, implementou a Matriz Econômica Ambiental, uma iniciativa que visava transformar a economia local por meio de atividades sustentáveis. A piscicultura tornou-se um dos pilares dessa estratégia, com a proposta de criar peixes em cativeiro utilizando áreas já degradadas, como tanques escavados e tanques-rede.
A legislação específica, aprovada em parceria com a Assembleia Legislativa, forneceu o suporte necessário para o avanço do projeto. A iniciativa também previa a instalação de uma fábrica de ração em Itacoatiara, utilizando farelo de soja local, além de articulações com instituições financeiras como o BNDES e o Banco do Brasil para viabilizar financiamentos.
A piscicultura, além de aliviar a pressão sobre os rios, apresenta-se como uma solução estratégica para combater a fome. Segundo dados da ONU, mais de 700 milhões de pessoas passam fome no mundo, incluindo 8,4 milhões de brasileiros. A criação sustentável de peixes poderia atender a essa demanda ao mesmo tempo em que oferece aos ribeirinhos uma alternativa econômica viável.
Para o ex-governador, o sonho é que o Brasil se torne líder mundial na criação de peixes de água doce, com o Amazonas assumindo a liderança nacional. Ele destaca que, além de proporcionar segurança alimentar, a piscicultura pode impulsionar o desenvolvimento econômico regional de forma alinhada à preservação ambiental.
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Desafios e Perspectivas
Embora a piscicultura tenha avançado, desafios como o custo da ração, acesso a financiamentos e infraestrutura adequada ainda precisam ser superados. O governador atual, Wilson Lima, reforçou o compromisso com o desenvolvimento sustentável ao sancionar a Lei de Biodiversidade (Lei 7.303/2025), que complementa os esforços iniciados pela gestão anterior.
Com recursos naturais abundantes e legislações avançadas, o Amazonas possui todas as condições para se tornar referência global em produção sustentável. A piscicultura, se amplamente implementada, pode transformar a realidade da região e servir como modelo para outras partes do mundo.
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