Produtores brasileiros têm aproveitado entressafras para exportar pêssegos para França e Canadá. Entre as conquistas estão duas variedades desenvolvidas pela Embrapa Clima Temperado (RS), a BRS Kampai e a BRS Fascínio. Os frutos de ambas somaram mais de 60 toneladas nas exportações brasileiras de pêssego em 2020.
Segundo a pesquisadora Maria do Carmo Raseira, uma das responsáveis pelo desenvolvimento das variedades, o volume exportado ainda é pequeno, porém, abre um caminho que pode ser expandido. “Ver o pêssego daqui exportado tem um significado muito importante, pois são frutas de cultivares brasileiras e cultivadas no Brasil”, realçou.
As variedades BRS Kampai e BRS Fascínio se destacam para exportação, segundo a cientista, principalmente porque apresentam firmeza suficiente para aguentar cerca de 12 horas de transporte aéreo sem danos, além da boa cor e sabor. As variedades de polpa branca, como é o caso de ambas, geralmente são muito macias. Há mais de uma década, a pesquisa da Embrapa priorizou melhorar a firmeza deste tipo de polpa, resultando nessas variedades.
Ainda segundo a pesquisadora, o trabalho dos produtores no manejo dos pomares para a expressão da qualidade das cultivares além das características do produto. “As variedades têm potencial genético. Mas, a expressão desse potencial depende muito do trabalho do produtor, por isso, há muito mérito deles”, completa.
A safra em países produtores do Hemisfério Norte, como México, Estados Unidos e Canadá, vai de junho a meados de setembro. É justamente quando termina a oferta por lá que o pêssego brasileiro pode abastecer o mercado. A janela para a comercialização da safra brasileira vai de outubro a janeiro, dependendo da região e do ciclo da variedade cultivada por aqui.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019 o Brasil foi responsável pela produção de 183,1 mil toneladas de pêssego, em cerca de 16 mil hectares colhidos. O maior estado produtor é o Rio Grande do Sul, com produção de 110,2 mil toneladas, em 11,8 mil hectares. São Paulo fica em segundo lugar, com 32,9 mil toneladas, em 1,5 mil hectares. Na sequência, os maiores produtores são Santa Catarina, Minas Gerais, Paraná e Espírito Santo.
Para atender à demanda do setor produtivo por materiais mais tardios para a região, a pesquisa já está trabalhando no desenvolvimento de novas variedades. De acordo com Maria do Carmo, seleções promissoras já estão em avaliação em Unidades de Observação. “Esperamos que nos próximos anos tenhamos algum resultado”, prevê a pesquisadora.
Fonte: Embrapa
Fotos: Pixabay
Beatriz Costa