23 milhões de hectares foram poupados graças à tecnologia desenvolvida pela estatal nos últimos 30 anos
A agropecuária brasileira precisa ser cada vez mais sustentável. De um lado, tem a missão de fornecer alimentos de qualidade para a população mundial, que cresce ano a ano. Do outro, as cobranças internas e externas para que nenhuma árvore seja derrubada para produzir grãos ou cultivar pastagens.
Mas o produtor rural brasileiro tem adotado cada vez mais tecnologia. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), referência no assunto. Especificamente para a Amazônia, para onde estão voltados os holofotes neste momento, a entidade desenvolveu cultivares de gramíneas que têm ajudado a manter a pecuária produtiva mesmo em áreas com encharcamento, problema que causa a degradação e a morte de pastagens.
14 cultivares de forrageiras
Estudos sobre a degradação de pastagens, com foco no desenvolvimento de soluções tecnológicas, são realizados pela Embrapa desde 1990, por meio de diferentes projetos executados em diversos estados, em parceria com a Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto) e outras instituições do setor produtivo.
Como resultado desse esforço integrado de pesquisa, nos últimos 20 anos foram disponibilizadas para o mercado 14 cultivares de forrageiras dos gêneros arachis, brachiaria, cynodon e panicum, recomendadas para cultivo em solos encharcados, característicos da Amazônia. Entre essas tecnologias estão a grama-estrela-roxa e os capins BRS Xaraés, BRS Piatã, BRS Zuri, Humidícola e Tangola, que integram a lista das gramíneas mais cultivadas na região.
“Além de proporcionar longevidade às pastagens, as forrageiras resistentes ao encharcamento também são tolerantes a pragas e doenças e se destacam pela qualidade nutricional da forragem, devido ao elevado teor de proteína bruta. Esses fatores melhoram a dieta animal e influenciam positivamente a produção e a rentabilidade dos sistemas pecuários da região”, afirma o pesquisador Carlos Maurício de Andrade, da Embrapa Acre.
Resultados na produção
As forrageiras adaptadas desenvolvidas pela Embrapa atendem a diferentes particularidades dos solos de propriedades rurais amazônicas, desde áreas relativamente úmidas até aquelas em condições extremas de encharcamento.
Na busca por alternativas para tornar o pasto mais produtivo em solos sujeitos ao encharcamento, pecuaristas da região apostaram no uso dessas forrageiras tanto para recuperação de pastos degradados como para formação de novas áreas de pastagem.
Um desses capins resistentes, o BRS Piatã, tornou-se o preferido do produtor Edmar Cordeiro, dono da fazenda Paloma, localizada a 100 quilômetros de Rio Branco (AC). Em 2007, ele elegeu a forrageira para substituir os 4.000 hectares de pastagem de capim-braquiarão existentes.
Para diversificar a alimentação do rebanho, há três anos também cultiva a grama-estrela-roxa e o capim BRS Zuri, gramíneas com boa adaptação a solos com capacidade intermediária de drenagem, predominantes na propriedade.
“Durante muitos anos convivemos com prejuízos na atividade, devido à degradação e morte das pastagens. Testamos inúmeras variedades de capins disponíveis no mercado, até chegar às gramíneas adaptadas. Com essas forrageiras, ampliamos a oferta de alimento para o gado, que passou a engordar mais, em menos tempo, e dispomos de pasto de qualidade por longos períodos.”
Outro ganho proporcionado por essas tecnologias foi o aumento da taxa de lotação das pastagens, de uma para duas Unidades Animal (UA)/hectare, sem adubação, e para 3,7 UA/ha em solo adubado”, destaca o pecuarista.
Texto com informação da Assessoria da Embrapa
Fotos: Divulgação