O mundo está voltado para a Ucrânia. Mas há uma gestação ainda mais perigosa no Império do Meio (China).
Antonio Ximenes
Diretor de Redação
Os chineses são a peça central no apoio à estremecida economia russa, no momento em que Whashington e seus aliados na Otan engessam o rublo, que caiu mais de 30% frente ao dólar, com as medidas punitivas às finanças de Moscou.
Não apenas Taiwan está na mira de Pequim, que com sua paciência e poderio bélico crescente vai ‘minando’ às defesas da ilha no Mar da China, com rasantes de seus caças sobre os céus da democrática Taipé, que, cada vez mais, tem aumentado suas aquisições de armamentos da indústria bélica americana.
No plano econômico, os chineses ocupam espaços que antes eram dominados pelos russos na Europa, África, Ásia e na América Latina.
Pequim sabe que em geopolítica não se deve mostrar o próximo passo que será dado, como ensina a cartilha dos estrategistas da nação de Sun Tsu, autor do milenar livro A Arte da Guerra.
Aqui, vale lembrar dos ensinamentos do ex primeiro ministro britânico Winston Churchill (30/11/1874 a 24/01/1965), “que se deve estar sempre um passo à frente do inimigo, para evitar surpresas nos flancos e na retaguarda, mas nunca descuidar do ataque, porque uma guerra não se vence com retiradas”.
A China, não tem arsenal nuclear suficiente para mostrar os ‘dentes’ ao mundo, como faz Vladimir Putin, mas caminha nesta direção de forma invisível aos olhos da comunidade internacional, como é de sua tradição.
Agora, Pequim começa a rever sua posição em relação à guerra na Ucrânia, mais um ardil para evitar que Washington amplie de forma colossal sua capacidade nuclear e sua máquina de guerra global, para manter sua posição como a mais influente nação do mundo, o que continuaria atrapalhando os planos e interesses do presidente Xi-Jinping.
Para os chineses, apoiar os russos tem limites, isso, porque o Kremlin não morre de amores pela sua filosofia militar de cercar o inimigo com o tempo a seu favor, e o yuan, moeda que tem mantido seus planos de travar o avanço da Otan, através do exército russo de forma indireta.
Mas Putin sabe que não pode escalonar a guerra, além do seu objetivo central de evitar que Kiev vá para a órbita da Otan.
Ele tem pressa para dobrar os ucranianos, mas também não quer focos de resistência em sua própria casa, que prova do amargo bloqueio econômico capitaneado pelos Estados Unidos da América.
Neste Xadrez geopolitico há uma águia, um urso e um dragão que lutam de forma diferente, para manter e ampliar seus interesses globais.
Enquanto não houver equilíbrio nas fronteiras históricas da Rússia, o povo ucraniano sofrerá com os ataques por céu, terra e mar da segunda maior potência militar do planeta.