A última quinta-feira (01) foi marcada pelo encerramento da Operação Amazônia 2021. O exercício que mobilizou cerca de 3.800 militares das mais diversas partes do Brasil é considerado o maior exercício de defesa externa já realizado na região Amazônica.
O final da Operação ocorreu no município do Careiro da Várzea, distante 23,4 km de Manaus, e contou com a presença de autoridades como o próprio Comandante do Exército Brasileiro, General de Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira que acompanhou toda a ação. Cerca de seis brigadas do exército participaram do exercício que desenvolveu duas atividades: O Assalto Aeroterrestre da Brigada de Infantaria Paraquedista (Bda Inf Pqdt) e o Tiro com Munição Explosiva de Artilharia e Morteiro.
O exercício teve início logo pela manhã, no 1º Batalhão de Infantaria de Selva – Aeromóvel (1º BIS – Amv), onde o Comandante Militar da Amazônia, General de Exército Estevam Cals Theophilo situou o General Paulo Sérgio sobre o objetivo e a atual fase da Operação. Na ocasião o Comandante do Exército Brasileiro parabenizou o General Theophilo pelo seu excelente desempenho na missão de manter a soberania da Amazônia Brasileira, além de proteger nossa floresta e os povos que aqui habitam.
“Eu queria parabenizar o CMA e você, Theophilo, pela brilhante iniciativa. Que não deixa de ser um adestramento em várias áreas, na área logística principalmente, que há grande dificuldade, uma carência de estradas por exemplo, um emprego preponderante do meio fluvial, e (essa) é uma excelente oportunidade de nos adestrarmos.” Disse o General Paulo Sérgio.
Ele falou ainda a respeito do emprego de tropas de outros Estados do Brasil na Operação, tomando como exemplo principal a Brigada que se deslocou de Cuiabá até Manaus: “Na verdade, essa Operação envolve tropas do Exército Brasileiro como um todo, um exemplo é o adestramento da Brigada que veio de Cuiabá, que nem do Comando Militar da Amazônia é […] Esse é o nosso exército! E para cumprir sua missão de defesa da Pátria, ele tem que estar preparado” concluiu.
Assalto Aeroterrestre
Após o discurso do General, a comitiva das autoridades embarcou no helicóptero que os deslocou até o município do Careiro da Várzea, onde a Brigada de Infantaria Paraquedista do Rio de Janeiro (Bda Inf Pqdt) preparava seu contingente para o Assalto Aeroterrestre. No local o Tenente-Coronel Brás, Oficial de Operações da Brigada de Infantaria Paraquedista, explicou às autoridades presentes os detalhes a respeito do objetivo da missão e o processo que levou à conclusão com sucesso do exercício.
O salto ocorreu a uma distância de 1.000 pés do solo (um pouco mais de 300 metros de altura) e a aeronave utilizada foi uma C-105 Amazonas que infiltrou a Força-Tarefa Santos Dumont na Zona de Lançamento preestabelecida em uma região estratégica do município.
“O lançamento foi um ‘lançamento gancho’, ou seja: o paraquedista se engancha na aeronave antes de sair do avião, para que o salto seja semiautomático e ele caia o mais rápido possível, evitando assim ser alvejado pelo inimigo” explicou o Tenente-Coronel Brás, “Nós realizamos uma passagem de cinco paraquedistas por porta, com na verdade, cinco paraquedistas sendo lançados a cada passagem, isso tendo em vista as restrições da região Amazônica, que não permitem que haja uma Zona de Lançamento muito extensa” Completou.
O objetivo do salto foi posicionar o batalhão para dar início a uma marcha para o combate ao longo da BR 319 visando ocupar com as tropas os pontos de isolamento estratégicos da região do Careiro da Várzea.
A Força-Tarefa Santos Dumont tem como base o 26º Batalhão de Infantaria Paraquedista, sendo reforçado por um Pelotão de Cavalaria Paraquedista, um Pelotão de Engenharia de Combate Paraquedista e uma Sessão de Artilharia Antiaérea Paraquedista.
Tiro com Munição Explosiva de Artilharia e Morteiro.
Após o término do Assalto Aeroterrestre, a comitiva se deslocou até a região da Comunidade Brasil, onde foram executados os tiros de artilharia. Assim como as autoridades, os moradores da comunidade puderam acompanhar o exercício com todas as medidas de segurança constantemente orientadas pelos militares.
A execução da atividade ficou a cargo do 12º Grupo de Artilharia Antiaérea de Selva (12º GAAAe Sl) e a missão contou com a participação de inúmeras tropas, com destaque para o 6º Grupo de Mísseis e Foguetes (6ª GMF) que fez o deslocamento com suas viaturas do Sistema Astros partindo do município de Formosa, no Estado de Goiás, até o estado do Amazonas.
O Astros é um sistema de mísseis de longo alcance e alta precisão que tem a função de apoiar tropas terrestres por meio do fogo, realizar fogos sobre alvos de grandes dimensões, assim como sobre estruturas de alto valor estratégico. As Viaturas Astros possuem funções distintas como a Viatura Posto de Comando e Controle (PCC) e as Viaturas Lançadoras Múltiplas Universais (LMU), enquanto o primeiro modelo possui blindagem e sistema de comunicação baseado em software que possibilita o comandante da bateria coordenar as atividades da subunidade, o outro possui a função de lançar toda a família de foguetes e o míssil tático de cruzeiro. O 6º GMF realizou três disparos: o primeiro com os foguetes SS90 TS e SS30, o segundo com o foguete SS40 e o último com o foguete SS60.
Houve cerca de dez sessões de disparos de artilharia durante quase duas horas de movimentações. Além dos Sistema de Foguetes Astros, as tropas estavam equipadas com Obuseiros, Mísseis Teleguiados e Morteiros Pesados.
O objetivo da atividade consistiu em adestrar as tropas para que essas prestassem apoio por meio do fogo durante a Marcha para o Combate das Brigadas de Infantaria que estavam encarregadas de preservar a integridade do território nacional fictício.
Ao final do exercício o Comandante do Exército Brasileiro tomou a palavra: “O maior legado… a maior entrega do exército brasileiro à nação brasileira é a defesa da nossa pátria. E é isso que estamos fazendo aqui: nos preparando para, se necessário, defendermos a nossa pátria. Podemos passar uma vida inteira sem sermos empregados, mas não podemos passar um minuto sequer sem estarmos preparados para defender o nosso querido Brasil. E a Amazônia brasileira mais do que nunca, pela característica dela, pela riqueza, pelas coisas que ela tem”, disse o General.
Operação Amazônia 2021
A Operação Amazônia 2021 foi o maior exercício de defesa externa já realizado pelo Comando Militar da Amazônia (CMA), tendo empregado mais de 3.800 militares vindos dos mais diversos lugares do Brasil para o adestramento.
Desenvolvido em um contexto de amplo espectro e guerra híbrida, a operação foi dividida em duas fases, sendo que a primeira trabalhou em cima da estratégia de resistência contra nações fictícias de poder militar muito superior, semelhantes aos movimentos utilizados pelo exército vietnamita durante a Guerra Americana, enquanto a segunda fase trabalhou exercícios de Amplo Espectro contra Forças Irregulares de dentro do próprio país e de países vizinhos fictícios com poder bélico igual ou inferior ao das tropas da Amazônia.
O objetivo desse exercício foi adestrar as tropas no contexto da guerra híbrida, envolvendo a combinação de operações de resistência, ofensivas, defensivas e contra forças irregulares. A simulação de guerra para o adestramento de tropas é preocupação constante do Exército Brasileiro, que busca o aprimoramento de suas capacidades. Depois do treinamento, os homens e mulheres do exército poderão enfim retornar para os seus lares com a sensação de dever cumprido e com a consciência de que estão preparados para cumprir sua missão constitucional de defender a Pátria e a Amazônia Brasileira.
Segue abaixo mais imagens registradas no decorrer da Operação Amazônia 2021:
Fotos: Reprodução/ Comando Militar da Amazônia.