Desde meados de 2020 as empresas de base florestal do Amazonas e Roraima estão impedidas de exercer suas atividades, ameaçando a continuidade de uma das principais atividades econômicas da região, sobretudo nas áreas mais isoladas
Estamos completando um ano de pandemia. O mundo parou, voltou, se reinventa a cada dia, e o futuro continua incerto. Todos os setores foram impactados pela chegada do novo coronavírus e pelas novas formas de se relacionar. No setor de base florestal não foi diferente, mercados foram fechados e reabertos, oscilações de preços e mais um agravante, a insegurança jurídica.
Não é de hoje que as atividades de base florestal sofrem um verdadeiro caça às bruxas, colocando do mesmo lado produtores legais e criminosos ambientais sem garantir o direito à defesa. Os agentes públicos de fiscalização e as organizações ambientalistas precisam entender que o setor é composto, em sua grande maioria, por empresas que atuam em acordo com a legislação vigente e que são as grandes interessadas no combate à ilegalidade.
No setor madeireiro, por exemplo, os trabalhos de coleta são feitos por meio dos planos de manejo florestal sustentável. Esta metodologia consiste no levantamento minucioso das espécies, identificação das árvores maduras e aptas para serem retiradas, no monitoramento contínuo e na abertura de áreas para entrada de luz e renovação florestal.
Assim, onde há manejo florestal, as autoridades têm total controle das atividades, com acesso a imagens detalhadas, rastreabilidade dos produtos coletados e ainda a identificação dos produtores responsáveis pelo plano. A atuação legal do setor florestal tem foco nos mercados formais e ocorre em alinhamento com os conceitos de sustentabilidade econômica, social e ambiental.
Mas para que tudo isso aconteça, os produtores e empresários precisam fazer investimentos, o que aumenta o custo de produção. Por isso combate aos crimes ambientais não é só uma questão de princípio, é também de interesse econômico do setor.
Primeiro porque o desmatamento ilegal condena o futuro da atividade, retirando árvores imaturas, sem valor comercial e não permite a renovação florestal. Além disso, os produtos são vendidos por preços abaixo do valor de mercado, gerando uma concorrência desleal com aqueles que produzem de forma legal.
Desde meados de 2020 as empresas de base florestal do Amazonas e parte das empresas de Roraima estão impedidas de exercer suas atividades, ameaçando a continuidade de uma das principais atividades econômicas da região, sobretudo nas áreas mais isoladas.
Bloquear a atuação das empresas de forma generalizada não atinge somente os alvos das investigações, provoca efeitos ainda mais graves, como o desabastecimento de mercadorias, o empobrecimento da população, incentiva as invasões e o desmatamento ilegal e instiga a violência agrária
O setor organizado de base florestal sempre esteve disponível ao diálogo, mais do que isso, quer ser um parceiro das políticas públicas que busquem ampliar o controle e a fiscalização ao mesmo tempo promovem o desenvolvimento sustentável da região amazônica.
Entendemos ser essencial que as atividades contribuam para a renovação sustentável da floresta e com a geração de emprego e renda das famílias.