As acusações podem agravar a crise na fronteira ucraniana, onde as tropas russas estão posicionadas, e aumenta o risco de um conflito armado na região.
O risco de um conflito armado de grandes proporções ronda a Europa com as tropas da Rússia estacionadas na fronteira da Ucrânia e a poderosa frota marítima de Vladimir Putin mobilizada nos mares, no maior exercício de guerra dos últimos tempos de Moscou em parceria com a China e o Irã. A OTAN, é a “pedra no sapato” de Moscou que após ocupar a Crimeia, se prepara para um salto expansionista de territórios da sua órbita de influência no Leste Europeu.
Washington e Londres reagem à ambição do ex-chefe da KGB e atual líder russo Vladimir Putin, que com sua fome de poder continental pode colocar fogo no mundo, a partir de sua estratégica aliança com Pequim. Os chineses não morrem de amores pela Casa Branca e com seu poderio bélico aliado ao poder de fogo nuclear Russo, podem levar a um conflito sem precedentes muito além da OTAN, se alastrando pelo planeta como a Covid-19.
De acordo com um comunicado da chancelaria britânica, os serviços de inteligência russos entraram em contato com vários políticos ucranianos e o ex-deputado Ievguêni Muraiev é considerado um líder em potencial da ex-república soviética. A lista de pessoas cogitadas pelos serviços russos também inclui o ex-primeiro-ministro Mykola Azarov, que fugiu para a Rússia com o então presidente Viktor Yanukovic, em 2014, por conta de uma revolta popular em Kiev.
Os outros nomes citados são os do ex-chefe do Conselho de Segurança e Defesa Nacional, Vladimir Sivkovich (sancionado esta semana pelos Estados Unidos, juntamente com outros três políticos ucranianos por sua suposta cooperação com os serviços de inteligência russos), o ex-vice-primeiro-ministro Serhiy Arbuzov e o ex-chefe do gabinete presidencial Andriy Kluyev.
Segundo secretária de Relações Exteriores britânica, Liz Truss, citada no comunicado, o relatório revela a extensão da atividade russa destinada a desestabilizar a Ucrânia. Ela propõe que a Rússia encerre suas campanhas de agressão e desinformação, e dê continuidade ao caminho da diplomacia, para diminuir as tensões que podem resultar em um conflito armado.
Os países ocidentais acusam o governo russo de preparar um ataque e de enviar tanques, artilharia e cerca de 100.000 soldados para a fronteira ucraniana. No comunicado deste sábado, a secretária britânica salientou que qualquer incursão militar na Ucrânia seria um grande erro estratégico e resultaria em graves custos para a Rússia.
O Kremlin nega suas intenções militares, mas condiciona a retirada dos soldados a tratados que garantam a não expansão da Otan, principalmente para a Ucrânia, além da retirada da Aliança Atlântica do Leste Europeu. Os ocidentais consideram essa condição imposta pelo Kremlin “inaceitável”.
As novas acusações britânicas são preocupantes, segundo o governo americano, que divulgou um comunicado neste sábado (22), na Casa Branca. “O povo ucraniano tem o direito soberano de determinar seu próprio futuro e estamos ao lado dos nossos parceiros democraticamente eleitos na Ucrânia”, declarou Emily Horne, porta-voz do Conselho Nacional de Segurança.
As acusações do governo britânico foram divulgadas um dia após a reunião do ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken. Eles se encontraram em Genebra na tentativa de reduzir as tensões na fronteira russo-ucraniana e concordaram em manter conversas francas na próxima semana.
“Discussões estratégicas são melhores do que a guerra e podem alcançar melhores resultados”, afirmou Sam Greene, diretor do Instituto Russo do King’s College, de Londres. “É possível que essas posições mudem com o tempo? Sim. E é por isso que conversamos.”
Os dois lados, porém, parecem entrincheirados. A embaixadora dos EUA na Otan, Julianne Smith, disse ontem que admitir Ucrânia e Geórgia na Otan era uma questão de tempo e descartou as exigências da Rússia. O Kremlin respondeu que as ameaças dos EUA são inúteis. “Não damos ultimatos”, disse Peskov.
Para o embaixador russo em Washington, Anatoli Antonov, os EUA deveriam abandonar sua “retórica agressiva de expansão”. Assim, Moscou vem aumentando a pressão na Ucrânia, ampliando a sensação de crise por meio de movimentos militares, acusações de agressão ocidental e supostas provocações contra a Rússia.
As queixas de Putin remontam a 1997, quando a Otan iniciou uma série de expansões ao aceitar como membros da aliança países que fizeram parte do Pacto de Varsóvia e ex-repúblicas soviéticas, dando à Rússia a sensação de estar sendo cercada por forças hostis.
Há mais de dez anos, Putin cita a implementação de um sistema de defesa de mísseis da Otan na Romênia e na Polônia como uma ameaça à Rússia. No mês passado, o Kremlin divulgou uma lista de exigências por escrito, incluindo um pedido para a remoção de toda a infraestrutura militar da aliança atlântica instalada nos países do Leste Europeu após 1997, uma tentativa de recuperar a influência russa em parte do espaço soviético perdido nos anos 90.