Nanotecnologia será utilizada para desenvolvimento de fertilizante de liberação lenta com matéria-prima de base florestal

Um dos problemas da agricultura brasileira envolve a questão dos fertilizantes: são fundamentais para atingir alta produtividade e rentabilidade mas, ao mesmo tempo, sua aplicação não é eficaz, com perdas principalmente por volatilização, lixiviação e baixa absorção.

Pensando nisso, a Embrapa Florestas tem investido em pesquisas para desenvolvimento de fertilizantes de liberação lenta, uma tecnologia que auxilia na melhor incorporação do fertilizante ao solo, evita o desperdício e pode reduzir custos ao produtor rural.

Para isso, a nanotecnologia é um dos caminhos e um projeto, em parceria com a empresa Polli Fertilizantes Especiais, pretende desenvolver um revestimento com polímero biodegradável utilizando nanopartículas para recobrimento, proteção e liberação gradual de fertilizantes.

O projeto vai estudar o recobrimento de fertilizantes para promover sua liberação gradual. Para isso, vai trabalhar com nanotecnologia envolvendo celulose de eucalipto, sulfato de cálcio, carbonato de cálcio e alginato. Segundo o pesquisador Washington Magalhães, da Embrapa Florestas, “já temos resultados de pesquisas em escala de laboratório que demonstram a viabilidade. Agora, com este projeto, além de testar formulações, vamos dar escala e levar a campo, em diferentes cultivos agrícolas e florestais, e também analisar sua viabilidade econômica”. 

Segundo Thais Ramari, da Polli Fertilizantes Especiais, “temos já um produto que, quando comparado com o convencional, tem solubilidade melhor e facilidade de movimentação em profundidade de solo, para atingir as diversas regiões do sistema radicular. Com a agregação das nanopartículas com a metodologia que a Embrapa Florestas vai estudar, pretendemos melhorar a ação e proporcionar benefícios que, hoje, o fertilizante convencional não apresenta”. 

O polímero pode proteger, por exemplo, o potássio contra perda por lixiviação, ou o nitrogênio contra perda por volatilização. “Isso acaba trazendo sustentabilidade ao sistema”, explica Francine Ceccon Claro, que vai desenvolver esta pesquisa como parte de seus estudos de pós doutoramento. . “Além disso, vamos trabalhar com matérias-primas biodegradáveis, o que torna o produto mais compatível com sistemas agrossustentáveis”, completa.


Este projeto faz parte de uma série de pesquisas que a Embrapa Florestas têm desenvolvido dentro do conceito de biorrefinaria a partir de matéria-prima de base florestal. Segundo Magalhães, “os plantios florestais podem ser fonte para inúmeros produtos e serviços, além dos já conhecidos, como papel e móveis. A partir desta matéria-prima, podemos desenvolver muitos produtos com o conceito de química verde, com uma matéria-prima renovável e sustentável”. 

*Embrapa 

Post Author: Bruna Oliveira

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