O ano de 2024 tem sido um marco de eventos climáticos extremos em todo o mundo. Secas severas, inundações, queda na qualidade do ar e queimadas têm dominado o cenário global. No Brasil, o Rio Grande do Sul enfrentou uma das piores tragédias de sua história recente, com inundações que deixaram milhares de desabrigados e evidenciaram os impactos das mudanças climáticas.
No Amazonas, os últimos três meses foram marcados por uma estiagem severa que trouxe graves transtornos à população. Ribeirinhos e comunidades flutuantes foram duramente afetados pela seca extrema, que inviabilizou a pesca como fonte de sustento e isolou moradores devido à escassez de água. Situações similares foram registradas em países vizinhos, como Paraguai e Bolívia, que também enfrentam secas e queimadas devastadoras.
O desequilíbrio ambiental atingiu níveis alarmantes. A falta de chuvas intensifica as queimadas, devastando o solo, a fauna e a flora. Apenas entre janeiro e agosto de 2024, cerca de 11 milhões de hectares foram consumidos pelo fogo, e, até setembro, essa área já havia dobrado. Além das queimadas naturais, incêndios criminosos agravam ainda mais a situação. As mudanças climáticas também trazem chuvas torrenciais, provocando enchentes e inundações catastróficas.
Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), há 80% de probabilidade de que a temperatura global ultrapasse 1,5°C acima dos níveis pré-industriais nos próximos cinco anos — uma meta crítica estabelecida no Acordo de Paris, considerado um dos principais esforços globais para combater as mudanças climáticas. Esse aumento de temperatura já tem causado perdas humanas, como ocorreu nos Estados Unidos durante o verão de 2024, quando ondas de calor extremo resultaram em mortes.
Em Manaus, a seca dos rios e as queimadas provocaram uma densa nuvem de fumaça que cobriu a capital e municípios vizinhos. Em agosto, a cidade enfrentou um dos piores índices de qualidade do ar de sua história, agravando os problemas de saúde da população e reforçando a urgência de ações climáticas eficazes.
Texto: Ryan Jatahy
Fotos: Rede Amazônica/Reuters/Marinha do Brasil
Edição: Beatriz Costa