A FVS-RCP (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto), vinculada à SES-AM (Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas), acompanhou, nesta terça-feira (19), a aplicação de biolarvicidas, com uso de drone, em três tanques de piscicultura no Ramal do Pau Rosa, na zona rural de Manaus.
A iniciativa ocorre com acompanhamento do Ministério da Saúde, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), FVS-RCP e Semsa/Manaus (Secretaria Municipal de Saúde de Manaus).
O biolarvicida é usado para controle larvário de Anopheles, mosquito transmissor da malária, em locais com acúmulo de água que possam funcionar como criadouros. Atualmente, o produto é aplicado, com uso de bombas de aplicação manual pelas equipes das secretarias municipais de saúde. Em Manaus, o biolarvicida é aplicado, principalmente, em tanques de piscicultura na zona rural da capital.
O diretor técnico da FVS-RCP, Daniel Barros, destaca que a instituição está disponível para estabelecer parcerias com o objetivo de aprimorar o controle de endemias, incluindo a malária. “A FVS-RCP busca aprimorar as técnicas utilizadas para realização de controle vetorial com excelência”, destaca.
A aplicação do uso de biolarvicida é realizada com intervalo de 21 dias nos criadouros de Anopheles. O chefe do Departamento de Vigilância Ambiental (DVA) da FVS-RCP, Elder Figueira, afirma que, com uso de drone, é possível reduzir em 75% o tempo de aplicação do biolarvicida em tanques de piscicultura.
“Hoje, o biolarvicida é aplicado de forma manual e leva mais ou menos uma hora para distribuí-lo em um tanque de piscicultura. Com o drone, essa aplicação dura 15 minutos. Com poucos equipamentos, se consegue fazer uma cobertura maior e mais eficiente de controle larvário”, detalha Elder.
Em Manaus, são 1,3 mil tanques de piscicultura que são alvo das ações de controle vetorial pela Semsa/Manaus por meio do Núcleo de Entomologia e Controle Vetorial que é coordenado por Edvaldo Rocha.
“Esses tanques de piscicultura estão em todas as zonas geográficas de Manaus. São criadouros artificiais de Anopheles de forma temporária, apenas quando estão cheios. Os tanques mantêm água parada, no inverno e no verão, e são criadouros para a transmissão da malária”, afirma Edvaldo.
Uso de drone
O uso de drone possibilita a dispensação de biolarvicida em quantidade suficiente e com menor risco de desperdício do material. O drone usado na ação teste é específico para a saúde pública, sem risco de contaminação, e comportou, na ação desta terça-feira (19), 1,2 quilo por 100 metros lineares dos tanques de piscicultura.
A proposta de uso de drone na região amazônica é realizada pela empresa Sumitomo Chemical diretamente para o Ministério da Saúde e, também, o Instituto Oswaldo Cruz, da Fiocruz.
“A proposta é usar um biolarvicida, à base de duas bactérias que atuam no controle das populações de larvas de Anopheles. Esse produto é eficiente para o controle dos mosquitos, além de possibilitar maior versatilidade da aplicação para apoiar o controle vetorial”, afirma o gerente de saúde pública para América Latina da empresa, César Mollendorf.
Segundo o pesquisador José Bento Lima, do IOC/Fiocruz, instituição ligada ao Ministério da Saúde, a ação teste com o uso de drone na aplicação de biolarvicida já ocorreu em barragens de hidrelétrica de Porto Velho, em Rondônia, a partir de testes para insetos do gênero Culex, conhecido popularmente como carapanã.
“O objetivo principal é eliminar o vetor de malária. Esse é um teste para saber se essa metodologia vai funcionar para controlar essas larvas. E funcionando, quem sabe, pode ser implementado como medida de controle do vetor da malária na região”, contextualiza o pesquisador.
FOTOS: Girlene Medeiros/FVS-RCP