Texto por Antônio Ximenes
O Japão alinhou com o Brasil uma política internacional de integração mineral e ambiental produtiva, a partir da assinatura dos “Memorandos de Cooperação entre o Governo do Japão e o Governo da República Federativa do Brasil, no campo de Tecnologias Relacionadas à Produção e ao Uso de Nióbio e Grafeno e o de Cooperação de Tomé-Açu sobre o Uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia.
Com a assinatura dos memorandos, espera-se que entre o Japão e o Brasil, possam ser promovidas ainda mais cooperações técnicas sobre a produção e o desenvolvimento de novos produtos de Nióbio e Grafeno; bem como o uso sustentável do sistema agroflorestal e da biodiversidade na região amazônica.
O nióbio é um mineral raro usado como aditivo de aço para painéis automotivos, entre outras finalidades de tecnologia de ponta, inclusive espacial; e o grafeno é uma das formas cristalinas do carbono usada como agente negativo para baterias de lítio, ou seja, insumos básicos da mais avançada indústria japonesa, que está atenta às riquezas minerais brasileiras em grande escala, muito além dos tradicionais ferro, manganês, cassiterita e bauxita.
Os japoneses, que no Polo Industrial de Manaus fizeram investimentos de bilhões de dólares, com a Honda e a Yamaha, entre outros de vulto para a economia da Amazônia, estão de olho nos minerais de terras raras (nióbio e Grafeno), onde o Amazonas desponta como grande detentor de jazidas na ‘Cabeça do Cachorro’ na região dos Sete Lagos, em São Gabriel da Cachoeira.
Eles sabem que há muita coisa em jogo, como a base da indústria digital, espacial e de nano tecnologia. Conseguem ver 15 anos à frente e procuram o Brasil como parceiro estratégico, em um contexto geopolítico onde China, Estados Unidos da América e Alemanha também competem entre si, pela vanguarda industrial.
É neste contexto, que o governo do presidente Jair Messias Bolsonaro, pode formar uma aliança tecnológica do mais elevado nível com Tóquio, com foco no que temos de melhor: matéria prima singular, como das terras raras, nióbio, grafeno entre outros minerais abundantes na Amazônia.
No que diz respeito ao uso sustentável da biodiversidade da Amazônia, estamos falando do maior acervo biológico e vegetal do planeta, ainda em estado puro, que serve de base para às mais diversas vacinas e remédios que, certamente, terão papel decisivo na farmácia global do planeta. Devemos nos preparar para outros surtos pandêmicos em escala mundial, porque depois da Covid19, a humanidade não será mais a mesma, e a floresta tropical amazônica tem as respostas aos mais diversos vírus.
O Japão sabe muito bem o que quer. E o Brasil entendeu que pode jogar o xadrez global da geopolítica tendo como ‘armas’ às suas matérias primas mais nobres. O Conselho da Amazônia, que tem à frente o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, pode ‘entrar de cabeça’ nesses assuntos e ampliar a parceria japonesa no Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), um órgão de pesquisa da biodiversidade amazônica, que tem muito a colaborar para o desenvolvimento regional.
Quantos aos minerais, o Congresso Nacional precisa tomar uma decisão se quer a Amazônia como ‘paraíso’ das organizações não governamentais ambientais ou uma região passível de exploração mineral, com sustentabilidade, a exemplo do que acontece no Polo Araras de Urucu, no município de Coari, na região do Médio Solimões, que até hoje não registrou desastres ambientais, mesmo produzindo petróleo e gás em larga escala há mais de 40 anos.
Fonte: Itamaraty/ Presidência da República/ Embaixada do Japão
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