Indígenas reclamam da burocracia no acesso a Ala Especializada no Hospital Nilton Lins

Denunciam falta de informações e do acompanhamento de pessoas especializadas no atendimento dos povos nativos

Indígenas fazem ato em frente à Hospital de Combate à Covid-19, em Manaus.

Um grupo de indígenas da etnia Sataré Mawé  realizou um protesto, em frente ao Hospital da Nilton Lins, em Manaus (03/05), com reivindicações sobre o atendimento dos povos nativos. Eles cobram que seja autorizada a entrada direta dos indígenas na ala exclusiva.

Os manifestantes também denunciam a falta de informações sobre os parentes internados no local.

A indígena Terezinha Ferreira de Souza foi diagnosticada com o novo coronavírus no sábado (30). Ela mora em uma aldeia localizada na área rural de Manaus, e precisou atravessar o igarapé do Tarumã-Açu, de barco, para receber atendimento. No fim da tarde de terça-feira (2), ela procurou a Ala Especializada em Saúde Indígena do Hospital Nilton Lins, mas seu atendimento foi recusado.

Terezinha, então, teve que ir ao Hospital Platão Araújo, na zona leste de Manaus, para ser atendida, mesmo já possuindo o diagnóstico que comprovava que ela estava com a Covid-19. A indígena teve que esperar oito horas no Hospital Platão Araújo para depois retornar ao Hospital da Nilton Lins.

Por volta das 3h da manhã desta quarta-feira (3), Terezinha conseguiu ser internada no Hospital da Nilton Lins. Desde então, os indígenas não conseguiram mais informações sobre o estado de saúde dela que, segundo eles, era grave.

Burocracia

“A nossa reivindicação é para que quebre essa burocracia no sistema. Na terça-feira (21/05), minha prima veio do Tarumã. Ela já havia sido diagnosticada, mas não foi acompanhada pela Sesai [Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde] e piorou. A gente achava que

esse hospital, que foi inaugurado há três semanas, fosse receber a gente, mas não foi assim. Precisamos ir a outro hospital para saber se minha prima ia ficar internada ou não. Se é uma ala diferenciada, precisamos de um atendimento diferenciado”, disse a indígena Moy.

“Precisamos saber se esse serviço funciona, para que o nosso povo possa vir pra cá. Se continuar dessa forma, como vai ser para o povo de outras etnias que vem buscar atendimento? Vão ter que esperar várias horas? Isso é uma questão de vida”, completou Moy.

Outra reclamação é a falta de informações e do acompanhamento de pessoas especializadas no atendimento à população indígena. “Foi colocada como ala especializada, mas não tem especialistas em saúde indígena, não tem um médico com experiência nas aldeias e que conheça a realidade indígena. Não vamos deixar nossos parentes sozinhos, vamos ficar aqui até receber informações”, finalizou Moy.

A Ala Especializada em Saúde Indígena foi inaugurada no dia 26 de maio com a presença do ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, e do governador do Amazonas, Wilson Lima. É a primeira a ser inaugurada no Amazonas, Estado que possui 60% da população indígena do País.

A nova ala tem 53 leitos, sendo 33 leitos clínicos, 15 Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) e cinco Unidades de Cuidados Intermediários (UCI), com possibilidade de expansão.

Texto: Dulce Maria Rodriguez com informações do D24AM

Fotos: D24AM

Post Author: Agro Floresta

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