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Hoje nossa conversa é com o Engenheiro Agrônomo Dr. Dejalmo Prestes, conhecido mundialmente no canal do you tube por “Professor Pitaya”

 

Entrevistamos o Engenheiro Agrônomo Dr. Dejalmo Nolasco Prestes, Mestrado e Doutorado em Ciências e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Pelotas, consultor e especialista em pitaya, reside em Arroio Grande – RS.

Em que momento da sua vida viu que seria um Engenheiro Agrônomo?

…”Sou filho de pequeno produtor rural, fui estudar em um colégio interno, meu querido Colégio Agrícola Visconde da Graça que até hoje em Pelotas abriga estudantes. Quando eu fui pra lá vindo do meio da roça eu logo pensei e senti que era esse o meu rumo, meu caminho, depois fui para a Universidade Federal de Pelotas, lá eu fui para a área de alimentos onde fiz Mestrado e Doutorado, depois me especializei em pitaya, projetos e implantação de pomar e manejo. Hoje atuo especificamente na fruta em todo o Brasil, e hoje digo que escolheria mais dez anos a profissão de engenheiro agrônomo.

Tenho uma pequena propriedade rural com um pomar de pitayas, produzo para abastecer a cidade de Arroio Grande e Jaguarão, é nesse sul  que eu me comunico com essa facilidade das redes sociais com o mundo todo. Recentemente, uns 60 a 90 dias atrás eu sai daqui para ir lá no outro lado do mundo, em Algarve em Portugal, na Universidade de Algarve onde fui dar uma palestra, estava sendo esperado pelos professores e alunos para falar sobre as pitayas, já sou conhecido na Europa, e na Espanha tenho pomares que eu conduzo e oriento, e pessoalmente já fui lá algumas vezes.”…

…”O país que mais produz pitaya no mundo é o Vietnã, com mais de 60.000 toneladas, depois vem a China e a Indonésia que plantam cerca de 20.000 toneladas, depois vem  Filipinas, Malásia e aqui na América Latina temos o México, Bolívia, Colômbia, Equador e Peru, são os que se destacam em escala menor de produção.

A pitaya é originária da América Central, Nicarágua e México, e aqui no nosso país temos uma espécie que é considerada nativa do Brasil,  mas ela não tem expressão comercial.

Aqui plantamos menos que 5.000 hectares, ainda nós estamos nos organizando, pois eu sou o Diretor Técnico da Associação Brasileira de Produtores de Pitaya- APPIBRAS. Estamos administrando a cadeia da fruta no Brasil, não atendemos a demanda, ainda falta muita pitaya para o consumo interno no país.

A pitaya brasileira, devido ao nosso clima é muito boa e no nosso país temos três momentos nas regiões Norte, Centro Sul e Sul, aqui temos a fruta durante o ano inteiro.”…

Quando a pitaya entrou na sua vida?                    

…”A pitaya entrou na minha vida há uns 10 anos atrás, eu estava passeando no mercado em São Paulo, sempre quando eu viajo pelas capitais, gosto de aprender os costumes, a cultura e os hábitos alimentares nos mercados públicos, foi quando eu encontrei uma maravilha de frutas que importam, pois possui frutas do mundo inteiro. Quando olhei para aquela estampa e beleza de pitaya, foi um amor a primeira vista e já fui pesquisar a fruta, o que era e já providenciei algumas mudas. Plantei aqui no Sul, na cidade de Arroio Grande que fica a 45 km do Uruguai, plantei minhas primeiras mudas e ela foi se desenvolvendo, e fui buscando através de pesquisas pelo mundo, nas publicações científicas e sai em busca de conhecer a pitaya.”…

 

 

…”Em Santa Catarina temos um pólo científico na cidade de Turvo, Forquilhinha e Sombrio que produz bastante pitaya. O segundo pólo é no estado do Pará, na cidade de Tomé-Açu, onde a produção é bem expressiva e temos distribuída no estado de São Paulo, Bahia e Minas Gerais, hoje em dia o maior produtor é o estado de São Paulo.

É uma fruta do  BEM, na qual possui um alto índice de antioxidantes, estamos falando de proteção celular, em prevenção de câncer. Índice alto em Ômega 3 o que protege o sistema cardiovascular, rica em fibras o que faz com que o sistema gastrointestinal fique protegido e ajuda no controle da diabetes.”…

Que tipos de produtos a base de pitaya estão atualmente disponíveis para o consumidor?

…”A fruta pode ser consumida in natura, a maneira que consumimos mais, possui um sabor discreto, mas a sua qualidade como alimento funcional é muito alta. Encontramos em sucos, confeitarias, sorvetes, picolés e iogurtes, hoje temos até energéticos e refrigerantes, também é usada como corante e várias empresas utilizam o pó da fruta para dar cor nos seus produtos e na indústria farmacológica de cosméticos.”…

 

Por que algumas frutas não apresentam sabor?

…”Me pergunto por que algumas frutas não têm sabor, temos duas classificação de frutas, as climatéricas que apanhamos elas verdes e depois vão amadurecendo e ficando doce, como a banana, abacate e a maçã. A pitaya não podemos apanhá-la verde, porque se apanharmos verde ela vai degradando seus açúcares, quando apanhada madura é o ponto certo da colheita, e esse ponto é muito importante na fruta, que cada vez estudamos mais, então ela tem esse sabor discreto, mas seus valores nutricionais como fruta funcional, superam esse grau de açúcar e devemos pensar sempre na nossa saúde.”…

 

Como está o seu pomar no município que você mora? Quantas floradas consegue anualmente? Qual sua produtividade e como convive com as geadas no inverno frio do Rio Grande do Sul?

…”Aqui no sul do RS, divisa com o Uruguai, temos um inverno intenso e temos muita geada. O que a geada me atrapalha, considerando que na região Norte nós temos dez floradas, sendo que lá o alto calor atrapalha um pouco a fruta e aqui no Sul diminui essas floradas, apenas isso e dá para conviver bem com a geada, hoje desenvolvemos tratamentos nutricionais e manejo para suportar as temperaturas bastante baixas e podemos ter de cinco a seis floradas.

 

Para um pomar comercial, quais as variedades mais indicadas no RS?

…”Para fazer um pomar comercial hoje nós temos que pensar primeiro no mercado,  temos a fruta de polpa branca e de polpa pigmentada, essa pigmentada vai do rosa ao roxo escuro. A indústria prefere a polpa roxa e vermelha, para dar esse encanto da cor dos produtos feitos com a pitaya. Hoje no pomar comercial a gente sempre indica que plantem 20 a 30% da polpa branca que ela é muito saborosa e atrativa para comer in natura, e a polpa colorida para atender a indústria e também colocar uma mesa de encher os olhos e dar água na boca.

Hoje temos algumas variedades, a Embrapa Cerrados lá de Brasília, ela recentemente lançou cinco variedades de pitaya, sendo as primeiras reconhecidas pelo Ministério da Agricultura lançada no Brasil. A Associação dos Produtores de Pitaya do Brasil, através da sua diretoria técnica está conduzindo os pomares para as variedades mais produtivas e viáveis economicamente.”…

 

Hoje no estado gaúcho é uma cultura rentável para a agricultura familiar?

…”Para a agricultura familiar a fruta cai muito bem porque vai despender mais tempo na implantação do pomar, um investimento maior nisso e depois a manutenção desse pomar é muito barata, também a mão de obra é bem menor, então uma agricultura familiar dá para colocar um hectare de pitaya e atender com a família juntamente com as atividades que já tinham na propriedade, uma fruta com as características de ser viável e importante.”…

 

No RS existe zoneamento para o cultivo da cultura? Existe crédito para o investimento da cultura do estado?

…”Falando em zoneamento, crédito para a pitaya, a Associação dos produtores já está em contato, estamos com um trabalho permanente com o Ministério da Agricultura, juntamente com a Embrapa para fazer o zoneamento da fruta no Brasil, para que facilite essa questão de crédito, que dê segurança as instituições bancárias, mas hoje há financiamento para a pitaya. Ela é muito produtiva e responde muito bem a tecnologia e produz bastante. Dá uma segurança para aquele que queira captar recursos para financiar e quando fizemos o pomar ele tem 30 anos pela frente produzindo.”…

 

 

Nos conte sobre a sua iniciativa para a fundação da APPIBRAS e os objetivos?

…”Eu sou consultor em todo o Brasil, faltam apenas dois estados para eu visitar com a pitaya. Nessas andanças conhecendo no olho e olho o produtor de pitaya, conhecendo os seus anseios, as necessidades da cadeia da fruta, eu lancei como um desafio para esses produtores fazermos uma associação, já que eu também sou produtor da fruta. Lançamos a associação, tivemos como primeiro presidente um produtor do Pará e hoje de São Paulo. Já temos bastantes avanços e ganhos com essa associação, a onde em contato com as instituições estamos fazendo o zoneamento.”…

 

Escritora

Márcia Ximenes Nunes

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