O Coronavirus tirou da zona de conforto a maioria dos profissionais, veja como estão sendo vivenciadas as mudanças
CELENI VIANA
Vereador – Alegrete – RS
“…O mundo por sua própria falta e senso comum e respeito ao próximo, estamos vivendo um momento de grande tensão e abalos físicos e psíquicos, pois ao espalhar um vírus a China deu início a uma grande pandemia. O mundo assistia perplexo ao que acontecia com eles, sem imaginar que em breve seríamos nós as vítimas.
O grande pecado da humanidade é contemporizar, ignorar, menosprezar e foi exatamente isso que aconteceu. O Brasil teve carnaval no intuito de assegurar altas somas em função do turismo e daí pagou com tantas vidas esta decisão fracassada.
Em Alegrete, lembro que fui a primeira voz a gritar que o vírus iria aportar em nossa cidade, não levaram a sério a proposta de criar comissões permanentes para análise e combate ao vírus. A Câmara de Vereadores de Alegrete perdeu a oportunidade de ser protagonista na região e no estado.
Mas em tudo tem seus aspectos positivos e negativos e na minha forma de ver, o positivo é a capacidade de entrega dos profissionais da saúde e a solidariedade da população, bem como as estruturas de saúde que ficarão para atendimento na rede de saúde nacional, o que vai ter uma nova concepção de atender e proporcionar acolhimento ao usuário do SUS.
O negativo é a falta de amor e solidariedade de um grande grupo da população que não acata medidas, não defende sua vida e a do semelhante, bem como a capacidade dos cafajestes de roubarem recursos públicos, que poderiam salvar vidas, portanto espero que pós pandemia, tenhamos uma sociedade mais segura, com maior capacidade de enfrentar dificuldades e as dores da vida, mas que possa ter Deus como centro de tudo em sua vida e o amor a si e ao próximo, como uma marca indelével. Que o uso das máscaras, a higiene das mãos com álcool e sabão, possam ser coisas do passado e aquele que lembrar possa afirmar nessa hora “eu fiz a minha parte”, o isolamento passará e poderemos nos abraçar numa fraternidade só…”
Matheus Nunes Peres
Acadêmico de Educação Física – Alegrete-RS
“…Os pontos positivos são que a pandemia nos tirou da zona de conforto, nos fez adquirir mais conhecimentos para que pudéssemos exercer nossa profissão. Tiramos os halteres e anilhas e passamos a usar sacos de arroz, farinha entre outros para que o aluno pudesse trabalhar sua força dentro de suas casas, no isolamento social, através de chamadas de vídeo.
Pontos negativos é que muitas pessoas pararam com suas aulas, por medo ou porque não se adaptaram com esse tipo de aula por vídeo chamada, então afetou muito o nosso sistema financeiro.
Espero que nosso país se recupere dessa pandemia, principalmente na parte econômica. Que as pessoas passem a cuidar mais da saúde, principalmente higiene pessoal, como lavar as mãos diversas vezes, coisas básicas que muitas pessoas não faziam antes de tudo isso…”
Roberto da Fontoura Rodrigues Pereira
Zootecnista – Alegrete – RS
“…Pontos positivos foram que surgiram as “lives”, não somente as musicais, mas as que melhoraram os trabalhos, agilizaram os processos gerando uma expectativa de desenvolvimento em vários setores. Através do regionalismo fica a lição de governos, sociedade civil e meio ambiente, precisam estar cientes de suas responsabilidades.
Neste momento, percebemos que pouco sabíamos do regional, as informações e acontecimentos eram sempre distantes, mas agora é na minha região, minha cidade, minha família e minha rua.
Surgiu a primeira grande oportunidade de conhecer a cadeia dos alimentos, como chegam em nossas casas e como são produzidos, transportados e armazenados.
Pontos negativos é que nos últimos 4 meses estivemos sob a informação e desinformação, um caos organizado. Nossa perplexidade quando países ditos desenvolvidos e suas populações esclarecidas sofrem inúmeras perdas, sem esboçar capacidade assertiva no combate a pandemia do COVID-19. Perdemos muitas vidas, uma forma catastrófica de isolamento proposta no início do período pandêmico.
Fica a lição de que governos, sociedades civis e meio ambiente precisam estar cientes de suas responsabilidades. Não pode um grupo de interesses contrários ou uma instituição financeira estrangeira dizerem que a nossa economia está ruim e vai piorar, quem sabe somos nós que vivemos e trabalhamos aqui, temos que cobrar responsabilidades.
Sejamos proativos, pensamentos estratégicos e planejamento serão nossas metas, assim teremos garantias de um futuro…”futuro…”
Ana Luísa Pias
Professora e artesã
Alegrete – RS
“…Pontos positivos foram maior autonomia por parte dos alunos em busca por conhecimento. Precisei de um atendimento médico para minha mãe, durante 14 dias e achei o atendimento rápido e preciso no hospital. Recebemos em meio a pandemia, um tratamento cuidadoso e afetivo por parte dos médicos e funcionários do hospital. Como artesã tive a oportunidade de lucrar através de produção de máscaras.
Negativos foi a distância e falta de convivência entre professores, alunos e colegas. Erosão escolar por parte dos alunos. O medo de estar próximo do vírus e contraí-lo é uma ameaça constante. Falta de convivência e trocas entre artesãos e clientes. Distanciamento social e menor comercialização dos produtos…”
Paulo Cezar Mior
corretor de imóveis – Mior Corretora de Imóveis e Seguros LTDA
Serafina Corrêa – RS
“…Os pontos positivos em época de pandemia no ramo imobiliário, está em franco crescimento, após um período de incertezas da economia e aplicações financeiras com rendimentos baixíssimos, muitos investidores estão migrando para investimentos imobiliários. Também uma fatia muito grande da população necessitada de moradia própria está aproveitando as taxas baixas já ofertadas pelas instituições financeiras.
Em decorrência das restrições de atendimento em função da pandemia, a população brasileira acelerou o “digital”, ou seja, milhões de brasileiros se depararam na necessidade de utilizar serviços das mídias sociais, compras, etc, uma mudança de hábitos nunca vista antes.
No meu segmento, hoje os negócios em minha empresa são na sua grande maioria vindos das mídias sociais, só após disso passamos ao atendimento pessoal. As mudanças estão chegando a galope e é muito importante estarmos preparados com as tendências de mercado para não sermos pegos de surpresa.
Os pontos negativos, sem dúvidas o distanciamento das pessoas, não é possível o contato pessoal, as reuniões de família, comemorações, o isolamento das pessoas idosas que se deparam com a solidão e o mais grave, não podemos nos despedirmos de nossos entes queridos que se perderam com o COVID-19.
Como nosso país passará por esta situação, com certeza passaremos por um período de recuperação, pois muitos seguimentos serão afetados pela dificuldade em cumprir com suas obrigações, com o próprio fechamento de seus estabelecimentos…”
DAIANY STAZIAKI
Personal treiner – Alegrete-RS
“…Nesse momento tão difícil em que o mundo está vivendo e que nunca imaginávamos viver, diversas áreas profissionais sofreram drasticamente, assim como a Educação Física.
Pontos negativos é a preocupação com a saúde de todos, uma vez que nossa missão é preservar a saúde e o bem estar das pessoas, onde o medo do desconhecido e as péssimas notícias e estatísticas dos países que já estão passando por essa situação não eram nada positivas. Então buscamos seguir as orientações da OMS e com isso, o isolamento social e o fechamento das academias se apresentou como algo contrário a nossa missão, mas naquele momento, fazia-se necessário para que pudéssemos de alguma forma desacelerar as contaminações em escala.
Entretanto, obtivemos um aumento no número de pessoas ativas fisicamente e esgotadas mentalmente, pois o exercício físico é de uma importância para o corpo e a mente. E nessa situação onde todos nos deparamos com uma ameaça real à saúde e sem sabermos ao certo como o vírus se comportaria. Outro ponto negativo no setor fitness, foram os danos financeiros sofridos pelas academias, após o fechamento, mesmo sendo implantados todos os cuidados de higienização necessários, muitas academias ainda não puderam reabrir suas portas e os que já puderam, ainda tentam se reerguer em meio ao receio de ter que fechar novamente, sendo que muitas tiveram que decretar falências.
Conseguimos enxergar alguns pontos positivos em meio a pandemia. Por conta do prejuízo, as empresas tiveram que se reinventar e criar novas formas de adquirir algum retorno financeiro. Foi então, que houve um redirecionamento para as mídias sociais como de treinamentos e aulas online. No meu caso, por exemplo, uma modalidade que se chama Bio Bor, uma aula que não necessita de nenhum material e que surgiu durante a pandemia, com o intuito de tentar amenizar a situação financeira e estimular a prática de exercícios durante o isolamento e manter a imunidade fortalecida. Essas aulas eram ministradas inicialmente através de lives 1 vez por semana e posteriormente oferecemos mais aulas através de um grupo privado, com um valor acessível.
Todos tivemos que encontrar novas maneiras de sobreviver em meio à crise, mas mantendo os cuidados necessários. Seguimos otimistas e confiantes de que este momento difícil passará e que possamos retornar nossas rotinas, sem receios, preocupações e notícias ruins. Acredito que pós pandemia, a área da educação física, principalmente as academias estarão em destaque por conta da busca pela preservação da saúde, através do fortalecimento da imunidade.
Aqui acaba a série de entrevistas com pessoas de diferentes profissões sobre como sentiram-se na pandemia e o que acrescentou em suas vidas. Pois, eu penso que devemos tirar boas lições disso tudo que está acontecendo em nossas vidas. Com certeza sairemos mais fortes e amadurecidos dessa batalha da vida.
Edição: Dulce Maria Rodriguez
Fotos: Reprodução