Entrevista com superintendente da Suframa, Algacir Polsin

Suframa terá R$ 6 bilhões para novos investimentos que devem gerar oito mil empregos em três anos

Em entrevista exclusiva ao portal www.agroflorestamazonia.com o superintendente da Zona Franca de Manaus, Algacir Polsin, se mostrou otimista quanto ao desenvolvimento dos projetos em curso e as ações para atração de investimentos para impulsar o Bioeconomía na região. 

General de brigada da reserva e profundo conhecedor da realidade da Amazônia, ele trabalha alinhado com diversas instituições, por entender que é com diálogo e sinergia de forças que a Suframa vai contribuir de maneira mais eficiente no desenvolvimento da área que tem a maior floresta tropical do planeta.

Superintendente da Zona Franca de Manaus, Algacir Polsin

1- Agroflorestamazonia – Qual é o balanço de 2020 da Suframa?

Superintendente: Estamos chegando próximo do fim do ano 2020 com balanço positivo para a Suframa e para o modelo Zona Franca de Manaus, especialmente, a partir do segundo semestre, mesmo com a pandemia da Covid-19.

Os bons resultados incluem não apenas indicadores crescentes de faturamento, produtividade e mão de obra no Polo Industrial de Manaus (PIM), mas também a aprovação de mais de R$ 6 bilhões em novos investimentos pelo Conselho de Administração da Suframa (CAS), que devem gerar aproximadamente oito mil empregos em até três anos.

Também a revitalização das ruas do Polo Industrial de Manaus (PIM), em conjunto com a Prefeitura Municipal de Manaus. Projeto que inicio em 2016 com aprovação em emenda parlamentar coletiva de R$ 117 milhões sendo R$ 98 milhões oriundos do Governo Federal e R$ 19 milhões da prefeitura comandada pelo prefeito Arthur Virgílio Neto.

Ainda realizamos ações de criação de sinergia e de aproximação com importantes atores regionais, como a Sudam, o Conselho da Amazônia, o Basa, a Finep, prefeituras e governos estaduais, entre outros, para promover o desenvolvimento socioeconômico e sustentável da Amazônia.

A atenção aos setores industrial, comercial e agropecuário também foi ação constante, com a realização de aproximadamente 130 agendas oficiais entre julho e dezembro com empresas do PIM, Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) e entidades de classe, em que foram discutidas demandas e apresentadas propostas de aprimoramento para os próximos anos.

Com foco ainda em ações de empreendedorismo e inovação, e o estímulo as cadeias produtivas adequadas à realidade da região, mediante o apoio ao fortalecimento de segmentos como bioeconomia, agronegócios e turismo.

2-Agroflorestamazonia: O que representa o Distrito Agropecuário da Suframa (DAS) em sua gestão?

-Superintendente: A Agropecuária é parte integrante do modelo Zona Franca de Manaus, através do Distrito Agropecuário da Suframa (DAS) há 53 anos,e dispõe de grandes áreas destinadas a projetos agropecuários e agroindustriais, sob a administração da Suframa.

O DAS abrange uma área total de 589.334 hectares pertencentes às cidades de Manaus e Rio Preto da Eva, no Amazonas. Conta tanto com propriedades cultivadas por unidades familiares para consumo próprio, com culturas diversificadas de subsistência, quanto com empreendimentos de médio e grande portes, produzindo de forma empresarial, com grandes áreas plantadas e utilização de equipamentos de fertilização do solo, pulverização, colheita, lavagem do produto e acondicionamento para comercialização.

Com uma extensão de 468 km de estradas vicinais, sua área é cortada no sentido Norte/Sul pela BR-174 e em parte no sentido Leste/Oeste, pela rodovia AM-010 (Manaus – Itacoatiara).

As atividades agrícolas estendem-se também a uma área destinada à expansão do Distrito Industrial, formando um cinturão verde na cidade de Manaus, voltada para a criação de aves, suínos, bovinos, além de empreendimentos voltados à piscicultura, beneficiamento de madeira, e, principalmente, hortifruticultura.

Estima-se que o faturamento do DAS supere, anualmente, o montante de R$ 100 milhões e que mais de três mil empregos sejam gerados de forma direta e indireta a partir de suas propriedades.

3-Agroflorestamazonia- O que vai ser feito no DAS em 2021?

-Superintendente: Nós queremos aumentar mais ainda a quantidade de empreendimentos no DAS. Queremos atrair mais empresas para promover o setor primário, buscando enfatizar a presença de agroindústrias na região.

No DAS já temos vários empreendimentos de grande porte com moderna tecnologia envolvida. Temos piscicultura com produção de peixe, seleção genética e melhorias tecnológicas. Suinocultura bastante desenvolvida, avicultura com tecnologia de primeira na separação dos ovos com uma quantidade expressiva de galinhas. Fruticultura, que está avançando na plantação significativa de laranja, com projeção de virar uma indústria de beneficiamento das laranjas para sucos. Toda a produção é vendida em Manaus

Temos empresas de curtume e de produção de matrizes de alta qualidade de bovinos e caprinos, entre outros empreendimentos na região do Das.

Para 2021 uma das metas é a regularização fundiária do DAS. Queremos abrir um edital para prosseguir e nessa distribuição de terras para atrair investimentos para essa região. Esse é o foco e a possibilidade real do futuro próximo.

Áreas da Zona Franca de Manaus, do Distrito Agropecuário e do Distrito Industrial, conforme o Decreto Lei nº 288/1967 Fonte: cogec/suframa

4-Agrofloresta- Como vai ser feita atração de novos empreendedores?

-Superintendente: A Autarquia possui lotes de 100 a 2.500 hectares, que serão cedidos mediante a Concessão de Direito Real de Uso (CDRU) e disponibilizados a partir de processo de licitação.

A Resolução nº 71 do Conselho de Administração da Suframa (CAS), publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 20 de agosto de 2019, estabeleceu novas diretrizes para a concessão de lotes no DAS.

Os interessados em concorrer aos lotes devem se cadastrar na Suframa, apresentar projeto técnico-econômico e capacidade econômico-financeira para a implantação de empreendimentos voltados à agricultura, pecuária, silvicultura, mineração, aquicultura, turismo ecológico, finalidades institucionais, extrativismo vegetal e atividades agroindustriais, entre outros.

O valor mínimo cobrado para a concessão dos lotes é de 10% da pauta de valores da terra nua estabelecidos pelo Incra, que é de R$ 61/ha em terras no município de Rio Preto da Eva e R$ 538,60/ha em lotes localizados em Manaus.

Produção do Distrito Agropecuário da Suframa

5- Agroflorestamazonia- Como está sendo tocado o projeto do Distrito Bioagroindustrial da Amazônia Rio Preto da Eva (BioDarpe)?

-Superintendente: O BioDarpe é um projeto intergovernamental, envolvendo Estado, Município e União, voltado para o universo agroindustrial e a bioeconomia, como base para geração de emprego e renda da Região Metropolitana de Manaus, com tecnologia.

O projeto está na fase de planejamento das ações que serão executadas para a instalação do distrito agroindustrial. A ideia é que entre 2020 e 2025 pelo menos 50 agroindústrias se instalem gerando cerca de 10 mil empregos diretos envolvendo mais de 5 mil famílias de agricultores.

O BioDarpe é uma ação intergovernamental entre a prefeitura do município de Rio Preto da Eva, Governo do Amazonas e Governo Federal, que se estende por uma rede de órgãos públicos que inclui as Secretarias de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti); de Produção Rural (Sepror); Meio Ambiente (Sema); Companhia de Desenvolvimento do Amazonas (Ciama); além da Suframa e instituições de fomento e pesquisa.

A ideia é explorar as potencialidades do município em biojoias, extratos naturais, óleos vegetais, fitoterápicos, cultivo de banana, açaí, laranja, mandioca e outras frutas, criação de suínos, bovinos, aves e peixes, além da pesca natural, e movelaria.

O objetivo é, também, instalar uma unidade da Universidade do Estado do Amazonas na região de Rio Preto da Eva para trabalhar na formação do corpo técnico e social local.

Entrevista Antonio Ximenes, diretor de redação
Texto Dulce Maria Rodriguez, Jornalista

Post Author: Agro Floresta

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