O Exército Brasileiro comemora, em 12 de abril, o Dia do Serviço de Intendência, data natalícia do seu Patrono, o Marechal Carlos Machado Bittencourt, em justa homenagem a todos os seus integrantes.
O Marechal Bittencourt, filho do Brigadeiro Jacinto Machado Bittencourt e de Ana Maurícia da Silva Bittencourt, nasceu em 1840, na cidade de Porto Alegre. Desde a infância, demonstrava pendor para a carreira das armas, estimulado pelos exemplos de amor à Pátria e de coragem cívica do avô paterno, o bravo Major Camilo Machado de Bittencourt.
Carlos Machado Bittencourt iniciou sua trajetória nas fileiras do Exército no ano de 1857, durante o Segundo Reinado, período em que a logística do Exército passava por sua fase de evolução e consolidação.
O Marechal Bittencourt galgou todos os postos possíveis da carreira militar, participando de grandes batalhas, como a Guerra da Tríplice Aliança (1865 – 1870) e a Guerra de Canudos (1897), oportunidades em que demonstrou ser um sagaz combatente, um valoroso soldado e um exemplo ímpar das virtudes que dignificam a profissão militar, que o tornou merecedor da homenagem póstuma de ser instituído patrono do Serviço de Intendência.
Na Guerra de Canudos, no interior da Bahia, quando a inexistência de uma cadeia de suprimentos comprometia a operacionalidade da tropa, o então Ministro da Guerra Marechal Bittencourt marcaria seu nome na história do Exército. Após sucessivas derrotas, interveio pessoalmente no conflito, restabelecendo o fluxo de suprimentos e o transporte de material e de pessoal, contribuindo para a pacificação final dos rebelados, fato que lhe rendeu o epíteto de “Marechal de Ouro”.
Em 5 de novembro de 1897, durante uma cerimônia de recepção aos veteranos de Canudos, no Arsenal de Guerra do Rio, atual Museu Histórico Nacional, ao perceber a ameaça de um soldado com claro objetivo de assassinar o Presidente da República Prudente de Morais, ele lançou-se à frente do chefe do Executivo, sendo mortalmente ferido por arma branca em ato heroico e altruísta.
O Serviço de Intendência do Exército Brasileiro, responsável pelo apoio logístico, dita a permanência das tropas em combate, primando pela excelência e pela oportunidade do apoio prestado.
O poeta Homero, em sua obra épica Ilíada, relata que, na guerra de Troia, havia oficiais de alta patente com encargos relativos à guarda e à gestão dos fundos destinados ao pagamento dos combatentes e das demais despesas de campanha. O símbolo que identificava as barracas desses militares era a folha de acanto, por ser vistosa, ornamental e, sobretudo, pela cor amarelada característica, facilitando a sua localização em situações emergenciais.
A Intendência, ainda que não formalizada ou sistematizada, já se fazia presente em solo brasileiro, desde a chegada do primeiro Governador-Geral do Brasil, Tomé de Sousa, em 29 de março de 1549, o qual trouxe de Portugal os primeiros conceitos de administração de recursos e de fardamento dos homens das armas.
Um ano antes do falecimento do Marechal Bittencourt, em 1896, o Quartel-Mestre General deixou de existir, sendo criada a Intendência- Geral de Guerra, com encargos de direção, gestão e execução, tanto na área financeira quanto na área de provimento. Em 1908, ela foi substituída pelo Departamento de Administração e Intendência de Guerra.
Em 1915, foi criado o Departamento de Intendência no Ministério da Guerra, cujos órgãos técnicos eram a Diretoria de Administração e a Intendência da Guerra, sendo a última o órgão operacional do Serviço de Intendência, composto de quatro divisões e uma oficina de alfaiates.
O ano de 1920 foi um marco na história do Exército Brasileiro e do Serviço de Intendência, com o início da Missão Militar Francesa no Brasil. Por meio desse vetor de modernização da Força Terrestre, o Exército Brasileiro passou a ter contato com a doutrina francesa aplicada na 1ª Guerra Mundial.
Um decreto-lei, no mesmo ano, aprovou o Regulamento para o Serviço de Intendência da Guerra. Considerado a Lei Orgânica do Serviço de Intendência, o documento previu a criação de três instituições: o Corpo de Intendência da Guerra, as Tropas de Administração e as Escolas de Intendência.
O batismo de fogo da Intendência ocorreu na 2ª Guerra Mundial, sob o comando do Coronel Fernando Lavaquial Biosca, com a participação do Serviço de Intendência da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária. Constava do seu organograma as seguintes frações: Chefia do Serviço de Intendência, Companhia de Intendência e Pelotão de Sepultamento.
A logística do Exército Brasileiro, por intermédio da Força Expedicionária Brasileira, se fez presente em solo europeu, acumulando lições aprendidas e enriquecendo sobremaneira a doutrina militar terrestre, além de ter promovido maior integração do oficial intendente com os oficiais das armas. O próximo passo seria a extinção das escolas de Intendência e a transferência do curso de formação para a Escola Militar de Resende, futura Academia Militar das Agulhas Negras.
Responsável pelo apoio logístico, o Serviço de Intendência dita a permanência das tropas em combate, primando pela excelência e pela oportunidade do apoio prestado. A honestidade e a competência profissional são características intrínsecas do intendente, cuja versatilidade permite a atuação nas vertentes operacional e administrativa, conforme a exigência das funções desempenhadas.
Atualmente, os militares integrantes do Serviço de Intendência desempenham papel fundamental na gestão dos recursos públicos confiados ao Exército Brasileiro, nas esferas da contabilidade, da gestão orçamentária e da auditoria, além de executarem funções relacionadas à logística de suprimento, de transporte e de recursos humanos. Esse trabalho silente, complexo e vital para a manutenção do poder de combate da Força Terrestre é executado diuturnamente pelos intendentes em tempos de guerra ou de paz.
Companheiros intendentes, soldados do Acanto, orgulhem-se de pertencer a um serviço que tem por princípios a honestidade, a probidade e a responsabilidade. Espelhados nos exemplos do vosso insigne Patrono, Marechal Bittencourt, marcados pelo amor à profissão, coragem, espírito de corpo e patriotismo, prossigam apoiando as nossas frações e assessorando os comandantes de forma profícua e comprometida com o bom cumprimento da missão, da ordem e do progresso.
Crédito: CCOMSEx