A COP30, marcada para acontecer em 2025 em Belém do Pará, será a primeira Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas realizada na Amazônia. Além dos líderes mundiais e chefes de Estado, a conferência terá como protagonistas as vozes da sociedade civil — especialmente aquelas historicamente marginalizadas, mas que há décadas estão na linha de frente da luta pela preservação ambiental e justiça climática.
Povos indígenas: guardiões da floresta
As lideranças indígenas terão papel de destaque na COP30, levando suas pautas ancestrais e urgentes ao centro das decisões globais. Entre os nomes confirmados está Txai Suruí, jovem ativista do povo Paiter Suruí, reconhecida internacionalmente por sua atuação na defesa da Amazônia e dos direitos indígenas. Sua participação será marcada por intervenções em painéis sobre desmatamento, proteção de territórios e protagonismo indígena.
Outro nome importante é Alessandra Korap Munduruku, premiada internacionalmente por sua resistência contra grandes projetos minerários no Tapajós. Ela deve integrar uma delegação de mulheres indígenas da Amazônia, com foco na denúncia de violações e na apresentação de soluções sustentáveis baseadas nos saberes tradicionais.
Quilombolas: resistência e preservação
Representantes quilombolas também ocuparão espaço na COP30, com destaque para Eliete Paraguassu, liderança do Quilombo Ilha da Maré, na Bahia. Eliete atua na defesa dos direitos territoriais e no enfrentamento ao racismo ambiental. Sua presença na COP reforça a importância das comunidades quilombolas na preservação de biomas e na construção de alternativas sustentáveis.
A juventude quilombola também estará representada, com nomes como Erick Silva, jovem quilombola do Amapá, que vem se destacando por seu ativismo em projetos de agroecologia e educação ambiental voltados para a juventude negra das periferias amazônicas.
Juventude engajada: o futuro no presente
A juventude brasileira estará presente com delegações diversas e plurais. Além de Txai, nomes como Paloma Costa, assessora da ONU e membro da rede Engajamundo, participarão de fóruns e plenárias sobre transição energética, justiça climática e educação ambiental.
Outra figura jovem de destaque é André Baniwa, representante da juventude indígena e membro da Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro (FOIRN). André tem liderado debates sobre tecnologia e conhecimento tradicional como ferramentas de resistência e desenvolvimento sustentável.
Mulheres amazônidas: força e sabedoria
As mulheres da Amazônia também estarão em evidência, trazendo para a COP30 suas experiências de vida, trabalho comunitário e ativismo. Antônia Melo, fundadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre, estará em Belém para denunciar os impactos de megaprojetos na Amazônia e compartilhar estratégias de mobilização popular.
Além dela, a educadora e ribeirinha Maria do Socorro Silva, do Pará, integra um coletivo de mulheres defensoras da floresta. Com sua fala firme e sensível, ela pretende chamar atenção para a realidade das mulheres extrativistas e pescadoras artesanais que enfrentam os impactos da degradação ambiental no dia a dia.
A voz dos territórios no centro do mundo
A presença dessas lideranças na COP30 representa mais do que participação simbólica. Elas carregam a legitimidade de quem vive os efeitos diretos da crise climática, e propõem soluções que unem ciência, tradição e ancestralidade. A COP30 será um palco global, mas a esperança é que as vozes da floresta sejam ouvidas — e respeitadas.
Por Beatriz Costa, Editora Chefe do Portal Agrofloresta.