A desaceleração do setor imobiliário chinês continua a impactar a economia global, com consequências diretas nas exportações brasileiras e uma possível retração na arrecadação do governo.
Em 2025, a crise no setor imobiliário da China, que começou com a falência da Evergrande em 2021 e se intensificou com a turbulência da Country Garden, continua a reverberar por mercados emergentes, incluindo o Brasil. A desaceleração econômica da segunda maior economia do mundo não só diminuiu a confiança do consumidor, mas também reduziu drasticamente a demanda por commodities, afetando diretamente as exportações brasileiras.
O setor imobiliário chinês, um dos principais motores da economia, enfrentou uma queda significativa nas vendas, com as 100 maiores incorporadoras do país registrando o menor valor mensal em vendas de novos imóveis em mais de três anos. A redução nos preços dos imóveis e a crescente dívida das empresas, que excede os 15 bilhões de dólares da Country Garden, levantam preocupações sobre a possibilidade de um calote generalizado.
Os impactos são profundos. A crise do setor imobiliário chinês resulta em uma diminuição da demanda por minério de ferro, uma das principais exportações do Brasil, que já responde por bilhões em receitas anuais. A Vale e outras gigantes do setor enfrentam dificuldades devido à queda nos preços internacionais, enquanto a economia brasileira, dependente das exportações para a China, sente o peso de uma arrecadação pública em declínio.
Além disso, a crise imobiliária não afeta apenas o setor em si, mas também a renda e o emprego da população chinesa, resultando em um menor consumo de produtos importados, incluindo os brasileiros. O governo chinês, ciente da gravidade da situação, busca implementar estímulos econômicos e monetários, mas os resultados têm sido considerados insuficientes.
À medida que o Brasil tenta equilibrar suas contas públicas, o prolongamento da crise na China pode dificultar ainda mais esses esforços. A dependência econômica mútua entre os dois países torna a situação crítica, colocando em risco o crescimento econômico e a estabilidade financeira do Brasil nos próximos anos.
Texto: Emelin López
Fotos: Reprodução