O secretário nacional de Mudança do Clima, Aloísio Melo, alertou que chega a ser um risco para o desenvolvimento do Brasil desconsiderar o meio ambiente, destacando que é necessário transformar o discurso ambientalista em ações reais.
Melo também afirmou que a Amazônia “é o ativo mais importante do século XXI” e que o Brasil “não é mais apenas observado, mas protagonista nas soluções climáticas globais”.
As falas ocorreram durante a 2ª Conferência Diálogos Amazônicos, realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em Brasília, e antecede os preparativos para a COP30, que acontecerá em Belém, no Pará, em novembro deste ano.
Apesar do tom otimista, o contexto atual contrasta com os discursos oficiais. O Brasil ainda figura entre os maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo, especialmente por conta do desmatamento.
Segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), as mudanças de uso da terra responderam por 46% das emissões brasileiras em 2023, totalizando 1,062.
“Se a mudança do clima avança e áreas da Amazônia começam a savanizar, elas podem se tornar uma fonte de emissão de carbono, e não mais de captura”, alertou Melo.
O risco de a floresta atingir o chamado “ponto de não retorno” — em que perde sua capacidade de regeneração — é tratado como plausível por estudos do INPE, IPAM e pesquisadores internacionais.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que, entre agosto de 2023 e julho de 2024, a Amazônia perdeu 6.288 km² de cobertura florestal, uma redução de 30,6% em relação ao período anterior, mas ainda representando uma área significativa de desmatamento.
Além disso, o Norte do país, que abriga mais de 60% da floresta amazônica, ainda carece de políticas eficazes de adaptação climática.
Segundo o Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana (ISLU) 2024, mais de 75% dos resíduos sólidos urbanos da região têm destinação inadequada, o que agrava impactos sanitários e ambientais.
Na conferência, o secretário defendeu que o Brasil “já possui instrumentos, metas e projetos” para liderar a transformação ecológica global.
Ele citou a plataforma de investimentos sustentáveis do BNDES, que concentra mais de US$ 20 bilhões em projetos em áreas como bioeconomia, restauração florestal e energia renovável.
No entanto, parte significativa desses projetos ainda está em fase de modelagem ou depende de regulação específica para sair do papel.
Ao fim da fala, Aloísio Melo reforçou que a realização da COP30 em Belém deve ser uma oportunidade para mostrar que a Amazônia “tem gente, empresas e soluções que o mundo precisa”. Mas não negou o desafio:
“Desconsiderar o meio ambiente é um risco para o próprio desenvolvimento. Precisamos transformar os compromissos em ação real.”
Fonte: Real Time 1