Apesar das esperanças depositadas por muitos, a COP-29 trouxe mais decepções do que avanços concretos. Mais uma vez, as nações ricas ficaram aquém das expectativas, deixando os países pobres e vulneráveis à mercê de promessas vazias. Os trilhões de dólares necessários para proteger essas nações dos impactos das mudanças climáticas, causados majoritariamente pelos próprios países desenvolvidos, continuam sendo apenas um sonho distante.
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No final, o compromisso anunciado foi de meros 300 bilhões de dólares anuais até 2035. E as fontes desses recursos lançam um balde de água fria sobre qualquer otimismo:
- Financiamentos Públicos: países já endividados terão que contrair ainda mais dívidas.
- Acordos Bilaterais e Multilaterais: esses acordos raramente beneficiam os mais pobres sem exigir contrapartidas que os colocam em desvantagem. É o clássico cenário em que os ricos oferecem a corda e os pobres entregam o pescoço.
Além disso, a liberação desses recursos enfrentará longos e complicados processos. Um exemplo claro é a promessa de 50 bilhões de dólares feita por Biden ao Brasil, que depende da aprovação de um Congresso americano dominado, a partir de janeiro, por uma maioria ligada ao partido de Trump. Ou seja, é mais seguro “esperar sentado”.
Enquanto isso, o aquecimento global e as mudanças climáticas avançam sem trégua. Todos nós pagaremos o preço com eventos extremos como secas, enchentes e furacões, que se tornam cada vez mais frequentes e devastadores.
Diante de promessas vazias e da falta de ações concretas, o futuro do clima permanece incerto. E as consequências, infelizmente, não pouparão ninguém.
Texto: José Melo, ex-governador do estado do Amazonas.