O Dia da Consciência Negra, celebrado anualmente em 20 de novembro no Brasil, alcançou relevância internacional em 2024 como parte do encerramento da Década Internacional de Afrodescendentes, promovida pela ONU. A data simboliza um momento de reflexão sobre a história, os desafios da população negra, e a promoção da luta contra o racismo, além de valorizar a rica contribuição cultural e social da diáspora africana.
No Brasil, a celebração homenageia Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo das Américas e ícone da resistência à escravidão. Este ano, a data ultrapassou fronteiras, com eventos em vários países alinhando as lutas locais à agenda global de reconhecimento e reparação histórica.
“Não é apenas um dia de celebração, mas de ação e conscientização sobre o impacto do racismo em escala mundial”, afirmou Angela Davis, renomada ativista e referência na luta por igualdade racial.
As iniciativas realizadas incluem debates, manifestações culturais e discussões políticas sobre temas como:
- Racismo estrutural e suas consequências sociais;
- Educação como ferramenta de valorização da história afrodescendente;
- Políticas públicas de reparação e promoção da igualdade racial.
De movimentos como o Black Lives Matter nos EUA a celebrações em países africanos e caribenhos, 2024 reafirmou a Consciência Negra como um movimento de alcance global. A mobilização destaca a urgência de construir uma sociedade mais justa, inclusiva e igualitária.
Christian Rocha, Secretário Nacional e Coordenador Estadual do Instituto Internacional Afro-Origem (Inaô), é ativista há duas décadas e idealizador do feriado da Consciência Negra em âmbito municipal. Ele ressalta a relevância da data para a comunidade negra:
“A Consciência Negra nos lembra das atrocidades sociais sofridas pela comunidade negra. Quando pedimos justiça e respeito, é porque enfrentamos experiências de injustiça. Quem tem empatia abraça essa causa.”
Rocha também destaca a necessidade de levar o debate para o cotidiano, em espaços como escolas e empresas:
“Transformar Manaus em uma cidade com educação antirracista é essencial. Muitas pessoas se sentem livres para cometer crimes raciais porque sabem que não serão punidas. A Consciência Negra é um momento para refletir sobre o que o Brasil foi, o que é e o que será. Precisamos discutir isso nas instituições de ensino e enfrentar o racismo estrutural presente no Judiciário, Legislativo e Executivo.”
A Consciência Negra, mais do que uma data, representa um chamado à transformação social e à construção de uma sociedade que respeite e celebre a diversidade.
Texto: Sandrine Moraes e Ryan Jatahy
Edição: Beatriz Costa