“Nos primordios rio grandenses
Já como exportação
O couro de nossos bixos
Davam trabalhos pras mãos
Na base do couro cru
Surgem pertences campeiros
Razões pra lida gaucha
Forjada pelo guasqueiro.”
Guasqueiro (Juliano Moreno)
O trabalho feito com o couro cru é todo artesanal, mas ele é usado na lida campeira diariamente, pois faz parte do trabalho do peão de estância e nos arreios do cavalo também, além de fazer parte da indumentária do gaúcho como no chapéu, bainha da faca, cintos e botas.
O guasqueiro tem as mãos muito habilidosas e um olhar detalhista em cada peça que ele fabrica, um trabalho bem minucioso. Esse trabalho já está em extinção no Rio Grande do Sul, precisamos ficar atentos a essa tradição.
Guasqueiro vem da palavra “guasca” que é uma tira ou correia de couro cru, usada para produzir peças para a equitação, encilhas e indumentária gaúcha. Antigamente nas carreiras que aconteciam em alguma estância, sempre tinha um guasqueiro vendendo seus trabalhos e pegando encomendas, como o jogo de cabeçalho, chicote, laço, peiteira…
Hoje nossa entrevista é com o guasqueiro e peão de estância Adão Gilberto Ranquetat, mais conhecido por Beto Ranquetat, que faz o seu lindo trabalho nas horas vagas na estância.
Pra quem vende os seus trabalhos?
…”Eu vendo para os amigos e conhecidos que fazem a encomenda do meu trabalho. O pessoal não valoriza o trabalho artesanal, por isso prefiro atender os amigos.”…
Desde quando você faz esse tipo de trabalho com couro cru?
…”Desde os meus 14 anos, era um costume do meu pai que conforme a tradição gaúcha ele acabou me ensinando esse trabalho.”…
Quais partes dos arreios tem o seu trabalho?
…”Buçal, freio, rédea, carona, basto, travessão, pelego, cincha, sub-travessão, laço, maneia, chave de alambrar, bocó (cano de bota costurado para carregar remédio) e outros.”…
Quando o couro chega até você por qual processo ele passa?
…”Quando eu carneio, lavo bem o couro para tirar toda a sujeira, lonqueio para tirar o pelo e estaqueio bem puxado e deixo secar.
Corto a tira que vou precisar, molho ele e enrolo ele do mesmo jeito que vou fazer uma trança, faço um furinho na ponta da anca, passo o sovador de cima para baixo para não quebrar o couro.”…
Escritora
