Neste período de pandemia, sem aglomerações, uso de máscaras, sem pegar na mão, muito menos dançarem juntos
No Rio Grande do Sul, invernadas de danças, são grupos de danças tradicionalistas que tem dentro dos CTGs (Centro de Tradições Gaúchas). As invernadas ensaiam todos os dias nossas danças tradicionais, conforme o Manual de Danças Tradicionalistas. Envolve muitas pessoas, crianças, adolescentes e adultos, instrutores de danças, participam de concursos durante o ano inteiro, recebem premiações e faz parte do nosso culto à tradição.
Entrevistamos o professor de danças gaúchas Claudio Renato Trindade de Melo.
Claudio é bacharel em Administração, trabalha há 30 anos na empresa Acesso Informática como consultor de sistemas. Antes da pandemia ele estava trabalhando com as invernadas de 3 CTGs: O Centro Farroupilha de Tradições Gaúchas, invernadas Mirim e Juvenil em Alegrete, o CTG Caiboaté, invernada Juvenil em São Gabriel e CTG Orelhanos, invernadas Mirim e Juvenil em Quaraí.
No CTG Farroupilha, no início de março, pararam os ensaios presenciais das invernadas e começaram os ensaios on line, por vídeos chamadas, onde foram ensaiando até o final de maio.
De início tiveram que procurar a melhor plataforma e testaram vários aplicativos, não foi muito fácil a adaptação, principalmente dos pequenos da Mirim, mas com o andamento dos ensaios, conseguiram manter uma rotina e foram se adequando.
No CTG Caiboaté, desde março foram canceladas as atividades das invernadas de danças até hoje.
No CTG Orelhanos a rotina de ensaios on line se mantém até hoje, junto com o Claudio trabalha a professora Tatiana Gediel na invernada Mirim, sendo que ela mantém os ensaios e nas terças e quintas, eu participo de algumas aulas.
Perguntei pra ele se os alunos não estão sentindo a falta de dançarem?
“…Com a nossa vivência nesse meio tradicionalista, sabemos o quanto eles estão sentindo com essa parada, pois a rotina dos ensaios era semanal. Já tivemos relatos de mães, que as crianças pedem para colocar as músicas em casa para dançarem, é difícil para eles estarem separados dos amigos e da nossa arte de dançar…”
Acha que foi uma perda pro nosso tradicionalismo essa parada tão grande?
“…A parada dos ensaios presenciais era necessária, devido a pandemia, mas a parada dos ensaios on line é muito preocupante, pois pode gerar uma desmotivação no momento da volta dos ensaios. Uma parada muito longa, seria prejudicial, pois perderiam ritmo dos ensaios e o vínculo com nossas tradições, na qual lutamos sempre para estarem vivas…”
O que tu pensas sobre o cancelamento dos desfiles, chegada da chama e aglomerações na semana farroupilha?
“… Na minha visão, não tem como haver qualquer atividade que gere aglomerações aqui na nossa cidade, os casos de COVID-19 estão acontecendo há todo instante e se hoje ainda não tivemos nem aulas escolares presenciais, seria difícil acontecer essa atividade tradicionalista…”
Aproveitou essa parada para estudar mais um pouco sobre nossas danças tradicionais?
“…Tem ocorrido várias Lives de discussões sobre as nossas tradições e no meu caso, como estamos muito ligadas as danças, é o que mais acompanhamos. Temos um canal no You Tube “fala ai professor”, do professor Toni Sidi Pereira que tem encontros semanais sobre o assunto de danças tradicionais…”
Esperamos que essa pandemia, onde tivemos que cancelarmos nossas programações gaúchas, no mês mais importante do gaúcho, não interfira na vontade dessas crianças, jovens e adultos de seguirem cultuando nossas tradições, através das danças e de outras modalidades também. Que não fiquem desestimulados, até porque nossa garra é muito maior do que esse vírus.
Edição: Dulce Maria Rodriguez
Fotos: Claudio Renato Trindade de Melo